Clube de fãs de Takahata em Portugal era grande
Uma parte de nós partiu com a morte do mestre Isao Takahata, sobretudo aqueles que cresceram com a estética das animações do estúdio Ghibli. Será uma coisa geracional? Muito mais do que isso? Em Portugal, o criador da Heidi tem fãs, sobretudo na figura de um programador especializado em animação, Luís Salvado, diretor de programação do canal Cinemundo e comentador do Sapo Mag: "Era verdadeiramente um dos gigantes do mundo da animação, que impôs o seu talento e o seu nome num mundo em que o anonimato é mais a regra do que a exceção, tornando--se um dos principais responsáveis pela popularidade dos desenhos animados japoneses fora do país do Sol Nascente. Todos os seus trabalhos foram exemplo de sensibilidade, delicadeza e poesia, cujo impacto vai muito além do mundo da animação."
Miguel Valverde, do IndieLisboa (festival que criou o IndieJúnior), tem também veneração forte por este animador: "O imaginário infantil dos anos 70 e 80 foi claramente marcado por duas séries que produziu, Marco e Heidi, que embora se passassem na Europa e na América, desde muito novos que sabíamos que aqueles olhos enormes das personagens representavam a animação japonesa. A cada nova série produzida para a TV, estabelecia um parâmetro de memórias que perduram até hoje. É impossível não lembrar a procura incessante de Marco pela mãe, ou a liberdade da jovem Heidi, cuja melhor amiga, Clara, se deslocava numa cadeira de rodas." A mesma Heidi que marcou a infância do realizador de animação Pedro Serrazina: "Aliás, ele marcou a infância de todos os que cresceram no pós--25 de Abril. Depois, claro, vi O Túmulo dos Pirilampos numa altura em que já realizava e isso também acabou por me marcar!" O argumentista Filipe Homem Fonseca é dos fãs mais acérrimos e diz estar de coração partido aos bocadinhos: "Ensinou--nos valiosas lições sobre o melhor e o pior da condição humana."