As lágrimas de emoção dos fãs de Star Wars nos 40 anos da saga
Mark Hamill, Harrison Ford e George Lucas abriram ontem em Orlando a convenção Star Wars num ambiente épico. Os festejos dos 40 anos de "A Guerra das Estrelas" emocionaram fãs de todo o mundo.
"Amamos quem? Star Wars." No grande auditório do centro de convenções de Orlando, o Galaxy, mais de três mil fãs gritam bem alto o seu amor ao maior fenómeno de sempre de Hollywood. Orlando desde ontem é a capital Star Wars com a maior de todas as celebrações Star Wars, os 40 anos!
As hostilidades começaram com um painel aberto por George Lucas, recebido em absoluto histerismo pelos fãs que por ali acamparam na noite anterior. Um painel onde foram apresentadas imagens de antigas convenções. "Uma ideia, começou tudo com uma ideia - fazer um filme de ação de matiné com um contorno de mitologia", começou por dizer. "Quis fazer um filme de aventuras igual àqueles que via enquanto criança. Um filme para miúdos de 12 anos, apenas isso, mas não deveria estar a dizer isso agora... A mensagem era para que os miúdos percebessem que depois vão entrar no mundo real. E quis incluir temas como evitar o lado negro, fazer a coisa certa e valorizar a amizade. Mais tarde, quando estava a rodar em Espanha o Episódio I, uma série de crianças aproximou-se de mim e todos quiseram tocar-me. Estavam maravilhados. Aí percebi que tinha conseguido o meu objetivo, não importa depois na vida real o que certos fãs e críticos pensem..."
O speaker da convenção, antes do arranque dos painéis, avisou: "Preparem os lenços de papel." Na verdade, o propósito da convenção era emocionar a plateia. A mítica música de John Williams, imagens em slow motion dos fãs, fotografias de Carrie Fisher e muita memorabilia. Os fãs reagiram com as esperadas lágrimas e muitos gritos. A chamada histeria ganhou sentimento. 40 anos tem essa carga histórica.
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Dave Filoni, responsável da série Rebels, confessou que a maior lição que George Lucas lhe deu foi nunca ter medo: "é também uma lição para a vida. Nunca tomar decisões com medo. Conseguimos fazer algo único: dar uma experiência semanal aos fãs. Num mundo atual como este, dominado pelo social media, era importante alcançar isso. Creio que com Rebels conseguimos esse objetivo."
Uma das surpresas de ontem foi o vídeo que Liam Neeson enviou com uma mensagem hilariante, dizendo que está a fazer um filme a solo sobre Jar Jar Binks, a criatura mais odiada no universo Star Wars. Segundo o ator irlandês, Jar Jar passou para o "lado negro". Também Samuel L. Jackson esteve presente por mensagem de vídeo e pediu para Mace Wadu, o seu cavaleiro Jedi, ser ressuscitado.
Anthony Daniels (o mimo que deu vida a C-3PO), Peter Maheye (o Chewbacca), Billy Dee Williams (o traidor Lando) foram igualmente ao palco. Mais aplausos sentimentais... Depois, a loucura: Warwick Davis, o apresentador, chama ao palco Mark Hamil. Luke Skywalker é dos mais aplaudidos: "Fico sempre espantado com a vossa generosidade. Vocês, fãs, apoiam-me mais do que a minha própria família, que está sempre a criticar-me." Em seguida, outra surpresa para os fãs: imagens de Hamill na audição para o papel. Segundo Lucas, todo o processo de escolha para o papel demorou um ano. Mas quando chega Harrison Ford a receção é apoteótica e, mais uma vez, lágrimas nos olhos dos fãs.
Ford começa por brincar: "Não fez diferença nenhuma na minha vida ter entrado em Star Wars." O Han Solo veterano calmamente lembra que após ter feito American Graffiti, para George Lucas, teve de regressar ao seu trabalho como carpinteiro: "Tem sido uma bela viagem desde aí. O Lucas conseguiu criar uma brilhante mitologia que dura há 40 anos." Toda a intervenção de Ford foi pontuada com piadas sobre a sua arte de pilotar aviões.
E porque os fãs amam a vilanagem, Ian McDiarmid e Hayden Christensen, que interpretam respetivamente o Imperador e Anakin Skywalker, foram recebidos como rock stars. Ian McDiarmird foi descrito por George Lucas como "o homem mais bondoso que se pode imaginar". No baú das memórias, McDiarmid conta que Lucas nunca lhe explicou como abordar o maléfico imperador: "O George sempre esteve à disposição mas creio que consegui tudo através do capuz e dos olhos amarelos. E, claro, pode soar a cliché, mas estava tudo no argumento."
O maior aplauso da tarde foi para a homenagem a Carrie Fisher, primeiro através de um vídeo com imagens nunca antes vistas da atriz nos bastidores e, a seguir, por intermédio da presença da filha, Billie Lourd, que leu um texto que deixou os fãs a chorar baba e ranho. Afinal, a Princesa Leia acabou por ser rainha neste primeiro dia da Star Wars Convention. A reunião terminou em euforia com "o maior compositor do universo" (palavras de Luca), John Williams, a comandar a orquestra de Orlando, para a recriação das melodias mais míticas da saga. Uma sensação épica passou por aquela sala. Aliás, estar a olhar para um painel que reunia Mark Hamill, Harrison Ford e George Lucas já era por si uma ocasião épica. Fã que é fã fica comovido, mesmo quando está disfarçado de Darth Vader.
O primeiro dia acabou com cânticos dos fãs: Lucas! Lucas! Lucas! Hoje a histeria emocional prossegue com o painel do novo filme, The Last Jedi.
Em Orlando