As artes marciais segundo Hou Hsiao-Hsien

"A Assassina", Hou Hsiao-Hsien
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China, século IX, Dinastia Tang. Uma aristocrata treinada nas artes marciais é enviada à sua região natal, Weibo, para matar o governador, a quem em tempos fora prometida em casamento. Livremente adaptado de um conto de Pei Xing, A Assassina marca um admirável regresso de Hou Hsiao-Hsien (a dar-lhe o prémio de melhor realizador em Cannes), que não lançava uma longa-metragem desde 2007. Neste filme conduzido pela tensão entre a ordem de matar e a resistência emocional da assassina, o cineasta taiwanês deixa prevalecer o tempo sobre as imagens, como princípio fundamental de um "sentimento do belo".

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Com efeito, a morosidade narrativa de A Assassina - em necessária e radical contradição com a ideia de um filme que se supunha ser pura ação de artes marciais - serve, acima de tudo, a condição de realismo no cinema de Hou Hsiao-Hsien. Um realismo que, à semelhança do seu Flowers of Shanghai (1998), reforça a característica observacional da câmara, sempre a espreitar entre cortinas diáfanas e chamas de velas, ou a fixar, em esmerados enquadramentos, um bosque ou uma planície. Suprema delicadeza.

Classificação: *****

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