Adele: a diva mundana chega a Lisboa
Quando há sensivelmente seis meses Adele pôs um ponto final no interregno de quatro anos sem álbuns novos, decidiu que o seu novo disco, 25 (2015), não seria disponibilizado em serviços de streaming. Não que a decisão seja uma completa novidade, basta recordar que um ano antes a norte-americana Taylor Swift tinha feito o mesmo com o seu quinto álbum, 1989 (2014), mas o que não se esperava era que o fenómeno em torno da cantora britânica ganhasse uma tal dimensão que a fez quebrar recordes atrás de recordes. O mesmo aconteceu quando semanas mais tarde anunciou uma nova digressão mundial. Neste fim de semana atua pela primeira vez em Portugal e há muito que os bilhetes para os dois concertos que vai dar no MEO Arena, em Lisboa, estão esgotados.
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Adele já era uma estrela planetária quando 25 chegou às lojas, e o responsável por isso foi o seu antecessor, 21, o disco de onde saíram singles como Rolling in the Deep ou Someone Like You e que até agora soma mais de 30 milhões de cópias vendidas desde 2011. Mas no ano passado tudo cresceu ainda mais. Numa era em que vender álbuns em formato físico em grandes quantidades parece ser cada vez mais uma miragem, Adele conseguiu só em 2015 vender 17,4 milhões de cópias de 25, e é preciso ter em conta que o álbum foi editado a 20 de novembro. Pouco mais de um mês, portanto. Até agora já chegou aos 19 milhões e tudo aponta para que quando a digressão que agora a traz a Portugal chegue ao seu término, a 15 de novembro, na Cidade do México, esse valor seja bem superior.
"Hello, it"s me"
Mas semanas antes de 25 ter chegado aos escaparates houve Hello, o single que em seis meses somou mais de 1,5 mil milhões de visualizações no YouTube (com um teledisco realizado pelo canadiano-sensação Xavier Dolan), single que pôs fim ao silêncio a que Adele se tinha remetido nos últimos anos e que se tornou um meme de internet, com as paródias e as homenagens a multiplicarem-se. O "Hello, it"s me" de Adele parece que veio suplantar o célebre "Hello, is it me you"re looking for?", de Lionel Richie.
[destaque: Antes de chegar às lojas, o tema Hello já tinha 1,5 mil milhões de visualizações no YouTube. O álbum 25 vendeu 19 milhões de cópias]
A cena do teledisco em que se vê Adele a desligar dramaticamente o seu flip phone faz jus ao tom da canção e do álbum que vem apresentar a Lisboa. Adele é hoje uma cantora que faz das baladas épicas e do apelo ao sentimentalismo a sua casa. Curioso facto, se se recordar que quando se estreou há nove anos com o single Hometown Glory a cantora encontrava-se numa linhagem de vozes britânicas soul/r&b que sucedia ao peso e à influência de Amy Winehouse. A Adele de hoje, de 28 anos e mãe de um filho de 3 anos, optou pela veia pop mais épica e emotiva, e o resultado tem sido o sucesso global.
Mas apesar do fenómeno que se gerou à sua volta e da corrente estética escolhida, a cantora tem mantido uma postura que a afasta das grandes divas. Aliás, se existe algo que caracteriza Adele (pelo que se pode depreender da sua vida pública), é a sua aparente mundanidade. Talvez esse seja o segredo para o seu sucesso e para que os fãs se multipliquem aos milhares, a sua atitude tão terrena. Quando aparece em entrevistas ou em galas da indústria discográfica, Adele não assume o lado inatingível e maior do que a vida que muitas das suas colegas estrelas pop. Se tudo isto é uma mera estratégia de marketing ou o simples reflexo da sua identidade, isso ficará sempre por desvendar, mas os resultados estão à vista.
Adele: Hoje e amanhã, às 20.00. Meo Arena, Lisboa. Bilhetes entre 45 e 89 euros (esgotados)