A festa chegou à aldeia de Porto Covo

As vozes das Segue-me à Capela deram ontem início a mais uma edição do Festival Músicas do Mundo, dia em que também atuou a argentina Juana Molina.
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O habitual ambiente de férias de Porto Covo nesta altura do ano ganha, por estes dias, um colorido cenário cosmopolita, embalado pelas sonoridades dos primeiros concertos do Festival Músicas do Mundo, que neste ano volta à pacata aldeia ribeirinha, antes de se mudar em definitivo para o tradicional palco do Castelo em Sines.

A música começou logo a ouvir-se ao fim da tarde, pelas ruas de Porto Covo, através da kora do guineense Braima Galissá, a quem cabia entreter o público antes do início oficial dos concertos, mas era já tanta a gente a acotovelar-se à volta do mestre deste instrumento tradicional africano de 22 cordas que a organização não teve outro remédio senão promovê-lo para o palco principal, onde encantou a multidão com as paisagens sonoras da África Ocidental.

Pelas ruas, turistas e veraneantes acabados de sair da praia misturam-se com festivaleiros já veteranos nestas andanças, reconhecíveis pelo visual, digamos, mais alternativo, que chegam carregados de mochilas e sacos-cama. Um dos locais mais concorridos por esta altura é a feira de artesanato, onde uns e outros se misturam à procura de sandálias, pulseiras e roupas exóticas.

Aproxima-se a hora do primeiro concerto no palco do Largo Marquês de Pombal, que marca o início oficial da 18.ª edição do festival, que neste ano se prolonga por nove dias, até ao próximo sábado, 30 de julho.

Enquanto não começa, um grupo de amigos, sentados na relva, faz a parte dos artistas, que tardam em subir ao palco, entretendo quem está à sua volta com um improvisado concerto de guitarra e percussão. A música é por momentos abafada pelos gritos de alguém que encontra um amigo que há muito não via.

Perdido entre a populaça, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, é "um homem feliz". É o próprio quem o afirma ao DN, apontando o ambiente à sua volta. "O objetivo não é trazer multidões, mas mostrar o festival a um outro público que de outra forma nunca o conheceria", refere o autarca, elegendo o dia de hoje, sábado, como o mais forte deste primeiro fim de semana do festival.

Ao palco já subiram entretanto as Segue-me à Capela, coletivo de sete mulheres que se dedica a reinventar, à luz de uma certa contemporaneidade, a música tradicional portuguesa e que tem na voz o principal instrumento. Embaladas pelo bater dos adufes, levaram o público numa viagem musical pelo folclore das várias regiões portuguesas, da Galiza, de Espanha e pelos imaginários sonoros do mundo árabe e judeu.

Ou como dizia pouco antes o presidente da câmara, "o público habitual do festival já vem sem ver o cartaz, porque sabe que há sempre artistas e sonoridades para descobrir" - tal como aconteceu ontem, num final de tarde diferente em Porto Covo.

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