Zuckerberg aprovou pessoalmente medidas para acabar com o concorrente Vine
Um deputado britânico expôs documentos internos do Facebook que mostram posições agressivas contra a concorrência e, por outro lado, deu a algumas empresas acesso preferencial aos dados dos utilizadores.
O deputado conservador obteve os documentos através da empresa Six4Three, uma empresa que desenvolve aplicações e que se encontra numa batalha legal contra o Facebook.
Collins também alegou que o Facebook assumiu posições agressivas contra aplicações concorrentes, negando-lhes o acesso a qualquer dado do utilizador.
Os documentos mostram uma troca de emails entre o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, e o executivo Justin Osofsky, em 2013, que aprovou a proibição do acesso de dados de amigos ao Vine, um serviço de de vídeo propriedade do Twitter, que acabou por fechar em 2017.
"Se ninguém estiver contra, vamos fechar o acesso aos dados. Preparámos relações públicas para reagir", escreveu Osofsky. "Sim, vamos a isso", respondeu Mark Zuckerberg.
"O Facebook entrou claramente em acordos preferenciais com certas empresas, o que significa que, após a mudança de plataforma em 2014/15, mantiveram acesso total aos dados dos amigos [dos utilizadores]. Não é claro se houve consentimento do utilizador, nem como o Facebook decidiu que empresas deviam estar na lista preferencial", escreveu o deputado.
Na lista branca figuram a Badoo (app de encontros), Lyft (transporte), AirBnB (aluguer de imóveis) e a Netflix. A empresa de distribuição de vídeos, através de um email, regista que ao passarem para essa lista passam a ter acesso a "todos os amigos e não apenas aos amigos que estão ligados".
Para o deputado britânico, "é claro que o aumento das receitas das principais empresas de aplicações foi uma das principais razões que levaram às mudanças da Plataforma 3.0 do Facebook. A ideia de ligar o acesso a dados dos amigos ao valor financeiro da relação das empresas de apps com o Facebook é uma característica recorrente dos documentos".
Os documentos dão também a entender que os executivos do Facebook sabiam que seria controverso mudar as políticas de recolha de dados nos telemóveis de sistema Android. O Facebook passou a colecionar o registo de chamadas e de SMS enviados pelo utilizador. Para tentar contornar a situação, os executivos do Facebook planearam dificultar aos utilizadores a informação de que essa recolha de dados era uma das características da atualização da aplicação.
O Facebook reagiu: "Os documentos que o Six4Three reuniu para o seu caso infundado são apenas parte da história e são apresentados de uma forma muito enganosa, sem contexto adicional. "Mantemos as mudanças da plataforma feitas em 2015 para impedir que uma pessoa partilhe os dados dos amigos com os desenvolvedores de aplicações", disse um porta-voz da empresa.