Zeca: "De início só queria a cidadania grega, ir à seleção não foi algo pensado"

O processo de obtenção de cidadania de Zeca ficou concluído na passada quarta-feira e por isso o médio português do Panathinaikos pode estrear-se já hoje pela seleção da Grécia diante da Bélgica. O jogador garante não guardar rancor por nunca ter sido aposta na seleção portuguesa.
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Como se sente a poucas horas da possível estreia pela seleção grega?

Estou muito feliz e orgulhoso, ainda que um pouco ansioso, confesso. Mas tenho de me controlar, senão isso pode prejudicar-me... É o culminar de um processo que durou cerca de um ano e meio. A minha intenção inicial era apenas obter a cidadania grega, não foi algo pensado representar a seleção. Proporcionou-se e ainda bem!

Como foi recebido pelos seus colegas de seleção, nomeadamente por Samaris e Mitroglou, jogadores do Benfica?

Fui muito bem recebido por todos. O Samaris e o Mitroglou perguntaram-me se eu precisava de alguma coisa e mostraram-se logo disponíveis para me ajudar. E, claro, aproveitámos para falar do futebol português.

Foi praxado pelos seus companheiros?

Não, não [risos]. Ou melhor, ainda não! Vamos ver se me irão fazer alguma nos próximos dias...

O facto de ter sido chamado para o estágio da seleção grega ainda antes de haver a certeza de que pudesse ser utilizado neste jogo na Bélgica foi uma prova inequívoca de que é visto como um jogador importante para o selecionador Michael Skibbe...

Sim, foi uma grande prova de confiança do selecionador nacional e só lhe posso agradecer por isso. Ainda por cima sou o único jogador não natural da Grécia que faz parte deste grupo...

Já percebemos que foi bem recebido pelos seus colegas, mas qual foi a reação da comunicação social grega?

Sinceramente não faço a mínima ideia, pois não leio os jornais gregos. Acredito que haverá opiniões favoráveis e desfavoráveis, como em tudo na vida, mas é algo que não me preocupa.

É verdade que teve de realizar testes que demonstrassem o seu conhecimento sobre a Grécia?

Sim, fiquei fechado numa sala com cinco pessoas a fazerem-me testes de grego e perguntas de história e política do país. Eu já sabia bastante sobre a Grécia, por isso tive apenas de estudar um pouco. Não sei se passei à vontade ou por pouco, não houve nota final! Mas o que interessa é que passei...

Espera ser titular no jogo de hoje com a Bélgica?

Não tenho indicações sobre isso. Estou preparado para jogar e preparado para não ser opção, vamos aguardar.

E, se um dia se cruzar com a seleção portuguesa, como vai ser?

Nunca pensei nisso. Na altura logo se verá, não vale a pena preocupar-me com algo que pode nem vir a suceder.

Só foi uma vez chamado à seleção portuguesa, concretamente aos sub-23, em maio de 2011, no International Challenge Trophy. Sente que merecia ter tido mais oportunidades e gostaria de neste momento ter hipótese de vestir a camisola portuguesa em vez da grega?

Não, nada disso. Tive as oportunidades que tive em Portugal e só me resta agradecer por isso. Não guardo rancor a ninguém e tenho o máximo de respeito pelas opções tomadas por quem de direito.

Como se sabe, a rivalidade entre o Olympiakos e o Panathinaikos é muito forte. Os jogadores dos dois clubes dão-se bem na seleção?

É verdade que existe uma grande rivalidade entre os dois clubes, mas apenas entre os adeptos. O ambiente na seleção é ótimo e posso até revelar que os jogadores se dão bem mesmo quando os dois clubes se encontram e não apenas quando estão concentrados na seleção.

Ainda é especial quando entra em campo no dérbi de Atenas? A ideia que se tem em Portugal é que o ambiente é de cortar à faca!

Sim, fico com pele de galinha e com um frio na barriga. Mas se um jogador não sente emoção num dérbi destes então não está a fazer nada no futebol! É verdade que por vezes acontecem problemas, por exemplo, em novembro de 2015 o jogo foi suspenso, pois houve confrontos graves, mas a verdade é que até hoje nenhum jogador foi agredido, por isso não sinto receio.

É chamado à seleção grega apesar de ser português de nascimento, é há quatro anos capitão no Panathinaikos, um dos melhores clubes do país... Como explica a adoração que os gregos sentem por si?

É verdade que sou muito respeitado aqui, mas o sentimento é recíproco e sinto-me muito bem no país. Possivelmente veem-me como bom futebolista e bom profissional. Quanto ao facto de ter passado a capitão tão depressa, isso deveu-se ao facto de naquela altura terem saído todos os jogadores mais antigos. Sem dúvida que me sinto muito confortável na Grécia.

Encara a hipótese de regressar a Portugal, no caso de aparecer uma boa proposta?

Nem penso nessa ideia, estou muito feliz na Grécia!

Só há um aspeto em que as coisas não lhe correm bem: soma duas temporadas consecutivas sem um único golo oficial apontado e o último que marcou foi a 14 de dezembro de 2014. A que se deve este prolongado jejum?

Quando cheguei jogava a extremo direito e fui recuando no terreno. Hoje em dia jogo na posição 6 e não chego muito a zonas de finalização.

O V. Setúbal, o seu anterior clube, não perdeu qualquer jogo com Benfica e FC Porto no campeonato. Isto para além de ter eliminado o Sporting na Taça da Liga... Como tem visto a carreira da equipa?

Estou muito satisfeito, é um Vitória muito diferente das últimas temporadas, mais bem estruturado, o que se deve em muito a José Couceiro, que é um grande treinador. Fico feliz por já terem conseguido a permanência e pelos bons resultados obtidos com os clubes grandes.

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