Zamparini sai de cena e os treinadores mostram alívio
Maurizio Zamparini vai sair do futebol e deixar o Palermo onde foi um autêntico terror para os treinadores - contratou 28 em década e meia, num total de 26 mexidas, pois houve técnicos demitidos e depois novamente contratados.
Mas a fama de Zamparini é como a história do brandy cuja fama vinha de longe. O seu historial no futebol, e como grande inimigo dos homens do banco, começou em Veneza quando em 1987 assumiu a presidência do clube do Norte de Itália no terceiro escalão do futebol transalpino e, ainda por cima, salvando-o da bancarrota. E conseguiu os seus intentos, porém, logo aí ficou registada a sua impaciência para os maus resultados, pois em 15 anos despediu treinadores por 26 vezes. E entre eles alguns nomes conceituados como Cesare Prandelli, Luciano Spaletti ou Alberto Zaccheroni. Ninguém resiste a Zamparini que em 2002 desistiu do seu projeto no Veneza e adquiriu o capital maioritário do Palermo a Franco Sensi, outrora presidente da Roma e figura magna da indústria petrolífera italiana.
Na Sicília, Zamparini, hoje com 75 anos, não mudou quase nada. Os treinadores têm que apresentar resultados que encaixem na ambição senão nada feito.
Nos primeiros dois anos parecia que estava disposto a ser um homem mais paciente pois o clube subiu da série B à série A. E em seguida alcançou um brilhante sexto lugar, pela mão do treinador Francesco Guidolin. Mais. Na temporada seguinte, já com o nosso bem conhecido Gigi Del Neri a ser rendido a meio por Giuseppe Papadopulo, o Palermo foi quinto classificado e colocou nos convocados da Itália futebolistas importantes para a seleção que viria a sagrar-se campeã mundial na Alemanha como Barzagli, Zaccardo, Barone e Grosso, que seria o herói ao marcar o penálti decisivo na final de Berlim.
Mas o sonho de Zamparini era a Liga dos Campeões e é essa obsessão que o transtorna despedindo técnicos em catadupa. Durante cinco temporadas nem a qualificação europeia consegue atingir e com cenas de humor à mistura, como sucedeu em 2006/07 com a contratação do outrora elogiado Guidolin, o seu consequente despedimento e a inusitada readmissão três jogos volvidos.
Na época seguinte o mesmo aconteceu com Stefano Conlantuono; começou a época, foi despedido e novamente readmitido. E de treinador em treinador Zamparini lá foi gerindo o Palermo duas épocas a serem autênticas comédias.
Em 2012/13 Giuseppe Sannino foi o técnico que iniciou a época. Saiu ao terceiro jogo para dar o lugar a Gian Piero Gasperini que após 20 jogos recebeu guia de marcha. Foi, então, contratado Alberto Malesani que só fez três encontros, sendo substituído por Gasperini que também seria despedido, outra vez, ao fim de duas partidas. E sabe quem foi o último treinador da época? Precisamente quem a começou, Giuseppe Sannino.
Em 2015/16 novo filme de bom humor. Ao todo foram nove equipas técnicas com Giuseppe Iachini e Davide Ballardini a repetirem a experiência.
Nestes quase 15 anos à frente do Palermo, Maurizio Zamparini destacou-se também por algumas frases que fizeram as delícias dos jornalistas. Segundo o antigo líder do Palermo "os árbitros deviam ser todos encarcerados" e o Inter de Milão "só sabe ganhar a roubar".
Curiosamente aos ingleses comparou-os aos piratas por conseguirem atrair jovens promessas. Foram esses mesmos ingleses, numa sociedade também com capital norte-americano, que compraram a posição de Zamparini do Palermo numa época que já vai, como não podia deixar de ser, em quatro treinadores, o último dos quais o uruguaio Diego López que pode respirar fundo.