Winnie Mandela publica livro sobre detenção no 'apartheid'

A ex-mulher de Nelson Mandela, Winnie, publicou hoje um livro sobre a sua detenção durante o regime do 'apartheid', "o período mais negro da sua vida".
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O livro, intitulado "491 dias: prisioneiro número 1323/69", foi escrito a partir do diário que manteve a partir do momento que foi detida em Pretória pelo regime racista sul-africano entre 1969 e 1970.

Winnie Madikizela-Mandela inclui no livro passagens do seu diário e também cartas trocadas com o seu então marido Nelson Mandela, na altura já detido há sete anos.

"Achei que fazia sentido contar esta história às gerações vindouras, para que o que se passou não volte a acontecer", explicou Winnie, no momento do lançamento do livro, em Joanesburgo.

Detida a 12 de maio de 1969 por ser ativista contra o 'apartheid', Winnie esteve detida em regime de isolamento na prisão central de Pretória até à sua libertação, a 14 de setembro de 1970.

"A detenção em regime de isolamento é pior do que os trabalhos forçados", garantiu.

"Quando estendemos um braço, tocamos na parede. Somos reduzidos a menos de nada", acrescentou.

Foi a viúva de um dos seus advogados que manteve o diário guardado e o devolveu a Winnie 41 anos depois.

De acordo com Winnie Madikizela-Mandela, reler esse diário revelou-se uma experiência extremamente penosa, que lhe trouxe à memória o sofrimento pelo qual a sua família passou, principalmente os seus dois filhos, Zindzi e Zenazi.

"As palavras não conseguem descrever os sentimentos e a dor, principalmente neste momento, em que o pai deles está hospitalizado", disse Winnie, referindo-se a Mandela.

Nelson Mandela, de 95 anos, começou terça-feira o seu terceiro mês de hospitalização.

Nelson e Winnie divorciaram-se em 1996, dois anos depois de Mandela se ter tornado no primeiro Presidente negro da África do Sul.

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