Washington tenta negociar consensos
Antes de partir para a Ásia, o Presidente Barack Obama deveria jantar com os futuros líderes do Congresso, quatro de cada partido, para discutir os próximos dois anos da política americana. "Não será apenas para a fotografia", disse Obama, acrescentando que os partidos não podem dar-se ao luxo de se ignorarem.
Os líderes republicanos já anunciaram que pretendem contestar duas das decisões da administração, a regulação financeira e a reforma da saúde. "Acredito que a lei da reforma da saúde vai destruir empregos, arruinará o melhor sistema de saúde do mundo e levará o nosso país à bancarrota", afirmou o futuro presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner.
Os republicanos querem também aprovar leis de protecção de sectores económicos, numa altura em que se avoluma um potencial conflito com os europeus. A Reserva Federal está a injectar artificialmente dinheiro na economia. Na prática, isto equivale ao banco central americano imprimir dinheiro, o que desvaloriza o dólar. O euro já subiu até 1,42 dólares, ameaçando as exportações europeias. A Administração Obama tenta reduzir o seu desequilíbrio comercial, para criar empregos, mas ameaça provocar uma guerra de divisas. A vitória republicana poderá facilitar o conflito.
Os republicanos venceram na Câmara dos Representantes, ganhando 239 lugares (bastavam 218 para a maioria). Os republicanos têm 186 eleitos e falta atribuir 10 círculos, onde os candidatos ficaram separados por poucos votos, em alguns casos centenas. Estes lugares poderão ser distribuídos da seguinte forma: 6 para os democratas e 4 para os republicanos.
No Senado, os democratas têm maioria de 52 contra 46. Falta atribuir dois lugares. No estado de Washington não foram ainda contados todos os votos e, no Alasca, venceram os votos chamados write-in, presumivelmente (isso terá de ser verificado) na sua totalidade em nome de Lisa Murkowski, a antiga senadora republicana, afastada da corrida nas primárias do partido por um candidato apoiado pelo Tea Party, Joe Miller, cuja humilhante derrota tem uma dose atribuível à ex-governadora Sarah Palin.