"Votem com esperança e sem rancor", pede Lula
Luiz Inácio Lula da Silva admitiu corrupção na Petrobras, durante o seu mandato, e reconheceu que a sucessora Dilma Rousseff cometeu erros, mas deixou uma mensagem de "otimismo e esperança, jamais rancor" aos eleitores, durante a entrevista ao Jornal Nacional, o mais importante noticiário da TV Globo e do Brasil.
Disse o candidato do PT, que foi alvo de panelaços, assim como Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, fora na entrevista de segunda-feira, que "corrupção só aparece quando ela é, de facto, investigada". "E", sublinhou, "em nenhum outro momento da história, como nos governos do PT, tanto se investigou. O problema da Lava Jato é que entrou na política e o seu objetivo era condenar-me".
"Eu poderia ter escolhido um engavetador-geral da república, um decreto de sigilo por 100 anos, delegados da polícia federal que eu pudesse controlar, tudo o que está muito na moda agora - não fiz nada disso", lançou Lula numa indireta a Bolsonaro e ao procurador-geral da República Augusto Aras, escolhido pelo atual presidente sem consulta ao ministério público.
"Se eu for eleito, qualquer pessoa será investigada e punida ou absolvida", prometeu o candidato do Partido dos Trabalhadores.
Sobre a bomba orçamentária que pode herdar, caso eleito, Lula lembrou que em 2002 "o Brasil também estava falido". "Depois", disse, "acabamos a emprestar dinheiro ao FMI ao mesmo tempo em que fazíamos a inclusão social de 40 milhões". Afirma o líder das sondagens que "para governar um país são precisas três palavras: credibilidade, previsibilidade e estabilidade".
A propósito de governabilidade - os chefes do executivo no Brasil são em muitos casos dependentes ou mesmo reféns dos deputados - perguntou se o "Mensalão era mais grave do que o Orçamento Secreto?", a propósito dos esquemas de pagamento a deputados conduzido pelo seu partido, o Mensalão, e o conduzido pelo governo atual, o Orçamento Secreto.
"Agora, nenhum presidente governa sem estabelecer alianças, quem ganhar as eleições, o Bonner, a Renata ou eu, vai ter de governar com o Centrão", continuou, citando os entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcelos e referindo-se ao conjunto de deputados mais clientelistas do parlamento.
"O Bolsonaro sequer manda no Orçamento, quem manda é o [presidente da Câmara dos Deputados Arthur] Lira, isso nunca aconteceu desde a implantação da República, ele é o bobo da corte".
E noutros recados diretos ao principal rival, Bolsonaro, disse que o eleitor deve colocar na urna "esperança e otimismo e não rancor, que não dá certo". Porque o povo, afirmou, "tem que voltar a comer um churrasquinho e tomar uma cervejinha".
Sobre o clima de polarização disse que ele "é saudável desde que nós não o confundamos com ódio".
As eleições para a presidência do Brasil são no dia 2 de outubro. Em caso de necessidade de segunda volta, ela está marcada para dia 30 do mesmo mês.