"Vote para nunca mais a ver". Polémica em Itália com vídeo de político ao lado de mulher cigana

Alessio Di Giulio, um conselheiro da Lega Nord, da extrema-direita, em Florença, filmou-se ao lado de uma mulher cigana enquanto apelava ao voto.
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Um político italiano de extrema-direita provocou indignação depois de sugerir que o seu partido se vai livrar do povo cigano nas ruas do país caso vença as eleições gerais no final deste mês.

Alessio Di Giulio, um conselheiro da Lega Nord (Liga Norte), da extrema-direita, em Florença, filmou-se ao lado de uma mulher cigana enquanto apelava: "Vote na Liga a 25 de setembro e nunca mais vai vê-la".

Di Giulio fez o vídeo enquanto caminhava por uma rua movimenta no centro de Florença e a mulher chegou a acenar alegremente antes de perceber a intenção do político. "Não, não diga isso. Não estou com medo", afirmou a mulher logo a seguir.

A Lega Nord, liderada por Matteo Salvini, faz parte de uma coligação de três partidos, incluindo os Irmãos da Itália e o Forza Itália de Silvio Berlusconi, e é a principal candidata a vencer as eleições.

O vídeo de Di Giulio foi condenado por Enrico Letta, líder do Partido Democrata, de centro-esquerda.

"Estão a acontecer algumas coisas chocantes nesta campanha eleitoral", afirmou Letta, referindo-se também a Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália e possível próxima primeira-ministra, que partilhou no último mês um vídeo de uma mulher ucraniana a ser violada por um requerente de asilo numa cidade italiana.

O autarca de Florença, Dario Nardella, acusou Di Giulio de racismo, mas o político de extrema-direita defendeu-se ao argumentar que tem uma namorada nigeriana e queria simplesmente denunciar "o crime de mendicância". Contudo, mendigar em Itália não é crime, ainda que existam algumas restrições.

O vídeo foi também criticado pelo próprio Salvini, que disse que os problemas de Itália se resolviam com as forças da lei e da ordem, não com vídeos.

O apoio à Liga Norte caiu mais de metade nos últimos anos, mas as últimas sondagem apontam para 26% das intenções de voto contra os 21,4% do Partido Democrata. Os apoiantes tradicionais da Liga, especialmente empresários do norte de Itália, estão a virar as costas ao partido devido ao contributo de Salvini para o colapso do governo de Mario Draghi em julho e às posições públicas sobre a guerra na Ucrânia.

Salvini, que já havia elogiado Vladimir Putin, afirmou esta segunda-feira que as sanções estão a prejudicar a Rússia em vez de prejudicar os países que as impõem. Esta posição colide com a de Meloni, que tem mostrado apoio à Ucrânia e está alinhada com a União Europeia e a NATO sobre as sanções à Rússia.

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