Benjamin Clementine interrompe sempre a canção Adios para nos falar dos anjos que, de vez em quando, cantam para ele. Essa voz em que fala - e que precede a imitação do canto desses anjos - é a mesma com que aparece ao telefone antes dos três concertos em Portugal. Já todos lhe conhecem a história. Sabem que viveu nas ruas de Paris, que cantava no metro e que, agora que atua em desfiles da Burberry, ainda toca piano descalço..[youtube:bHFrTT84-uQ].Já viu os vídeos que o mostram a cantar nas carruagens, em Paris?.Não consigo lembrar-me da última vez que vi, foi há muito tempo..Lembra-se de cantar ali quando, hoje, está no palco?.Quando estou no palco não, só quando estou fora dele, quando estou sozinho. Às vezes as memórias vêm-me à cabeça e fazem-me sentir que a vida é muito curta, e inacreditável, tudo é possível..A sua música e as suas letras estão carregadas de melancolia, tristeza até, mas parece haver uma grande alegria em si ao interpretá-las. Criou essa alegria ou ela é algo que lhe acontece? .Acho que a criei eu mesmo a partir das pessoas, as pessoas dão-me esperança. E, devido ao meu passado, sei que nada pode ser pior. Talvez no futuro possa experienciar situações piores, mas acho que por agora estou bem. E acredito sinceramente que há uma razão por que a vida pode ser difícil por vezes. Faz-nos crescer e faz-nos entender por que temos sorte em estar vivos..[artigo:4686913].Ninguém o ensinou a tocar piano e a cantar. Vem daí mesmo, da vida?.Sim, vem da vida. E passei muitos anos apenas eu e o piano. Trata-se de tempo e de prática, e de amar o que fazes. Se não amas o que fazes deves parar e fazer o que amas. Acho que gostava de tocar piano em miúdo, por isso continuei a tocar e não fiz outra coisa. Trata-se de tempo e paciência. E sacrifício..Leia mais na edição impressa ou no e-paper do DN