Voltar às oficinas aonde se foi feliz e mostrar obra feita
No sábado à noite, Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral do PS. No domingo encontrou-se com António Costa na sede do PS no Largo do Rato e depois esteve o resto do dia em família - que é como quem diz, passou o tempo ao telefone com camaradas a tratar do futuro no partido.
Ontem de manhã passou outra vez o tempo ao telefone e depois arrancou para o Porto, onde teve um almoço privado. A conversa prolongou-se um pouco para lá do tempo estipulado e foi por isso que chegou atrasado 40 minutos ao único momento público da agenda do seu primeiro dia útil como secretário-geral do PS: uma visita às oficinas da CP em Guifões, Matosinhos. Depois de António Costa ter passado as últimas semanas a mostrar o seu legado, agora é a vez do novo líder do PS mostrar fazer o mesmo. E de começar a desenrolar o argumentário que irá repetir à exaustão nos próximos 83 dias, até às eleições de 10 de março.
Citaçãocitacao"Esta atitude perante a governação, que é o fazer, o concretizar, é uma das nossas grandes marcas, o país não pode estar sistematicamente a arrastar os pés, tem que avançar e nós temos esta capacidade de fazer avançar o país e a ferrovia é um desses sinais."
Guifões serviu de metáfora: "Esta atitude perante a governação, que é o fazer, o concretizar, é uma das nossas grandes marcas, o país não pode estar sistematicamente a arrastar os pés, tem que avançar e nós temos esta capacidade de fazer avançar o país e a ferrovia é um desses sinais", disse o novo secretário-geral do PS. Ou, por outras palavras: "É muito importante para nós mostrar ao país que é possível fazer, é possível avançar e nos estamos aqui num espaço que prova isso mesmo (...), nós temos a experiência, temos a experiência governativa para o fazer, a capacidade para o fazer e esta fábrica mostra bem isso."
Citaçãocitacao"Não estou a falar em maiorias absolutas, o que é verdadeiramente importante é fazermos uma boa campanha e conseguirmos mobilizar o povo português para termos o melhor resultado possível, que permita ao PS executar de forma mais próxima o seu programa eleitoral."
Ao chegar a Guifões, Pedro Nuno Santos tinha à sua espera pessoal dirigente da CP, os operários da oficina e autarcas locais do PS, como Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos e da Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
E jornalistas, claro. Na resposta à primeira pergunta já estava em campanha: "O que é importante é que o PS tenha uma grande vitória no dia 10 de março, que dispense o Chega de fazer parte de qualquer Governo e que permita o país avançar, é para isso que nós estamos a trabalhar."
Citaçãocitacao"Sinceramente, eu tenho visto os discursos de diferentes partidos de direita, a linguagem que é usada é uma linguagem muito extremada, aliás muito próxima, já pouco distingue a linguagem do líder do PSD da do líder do Chega."
Ao mesmo tempo, baixou expectativas e demarcou-se da má imagem que o PS deu ao seu último resultado eleitoral: "Não estou a falar em maiorias absolutas, o que é verdadeiramente importante é fazermos uma boa campanha e conseguirmos mobilizar o povo português para termos o melhor resultado possível, que permita ao PS executar de forma mais próxima o seu programa eleitoral."
E atacou com veemência o PSD, encostando Luís Montenegro a André Ventura : "Sinceramente, eu tenho visto os discursos de diferentes partidos de direita, a linguagem que é usada é uma linguagem muito extremada, aliás muito próxima, já pouco distingue a linguagem do líder do PSD da do líder do Chega".
Sendo assim, o que lhe importa "é uma vitória que permita ao PS liderar um Governo com estabilidade, é para isso que nós vamos trabalhar, apresentar o nosso programa eleitoral, discuti-lo com os portugueses e tentar mobilizar o povo português para termos uma vitória que garanta ao PS um peso suficiente para liderar uma solução de Governo com estabilidade".
Entre sair de Lisboa e ir até ao Porto, seguir depois para Matosinhos, voltar ao Porto e depois regressar a Lisboa, Pedro Nuno Santos fez mais ou menos 650 quilómetros. Hoje terá um dia mais sossegado: o único passo da sua agenda pública será o jantar dos deputados do PS, em Lisboa.