Vizela. Guerra interna ameaça dividir votos dos socialistas

Em Vizela, são cinco os candidatos ao lugar que atualmente é ocupado por Dinis Costa, que começou por anunciar a sua recandidatura mas acabou por se retirar da luta pela presidência da câmara municipal. A luta dentro do PS será mesmo decisiva no resultado final a 1 de outubro
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A luta pela Câmara Municipal de Vizela começou dentro de portas, entre o atual presidente do executivo e o seu antigo número dois. Victor Hugo Salgado era vice-presidente de Dinis Costa quando convocou eleições na concelhia socialista para escolher o candidato à câmara. Salgado não só perdeu por quatro votos como também viu a confiança política do presidente retirada, perdendo os pelouros que detinha na câmara. O atual presidente, Dinis Costa, anunciou a sua recandidatura para mais tarde recuar e passar a apoiar João Ilídio Costa, enquanto Victor Hugo Salgado decidiu avançar como independente.

A "retirada" do número dois provocou uma crise interna no partido e levou à demissão de vários dirigentes do PS/Vizela. Na lista de militantes que pediram a sua demissão da Comissão Política constam dois presidentes de junta (Mário José Oliveira e Manuel Pedrosa), um antigo presidente de junta (José Carlos Sousa), a líder e o vice-líder da bancada do PS na Assembleia Municipal (Maria Agostinha Freitas e Agostinho Guimarães), um antigo vice-presidente da Câmara (Joaquim Costa) e mais dois fundadores do partido em Vizela (Joaquim Caldas e Armindo Sampaio).

Dinis Costa e Victor Hugo Salgado, um enquanto presidente, outro enquanto vereador, foram constituídos arguidos num caso de 870 mil euros em ajustes diretos para obras na sede do município. Victor foi ilibado, Dinis foi acusado. Contudo, Dinis Costa viria a renunciar à sua candidatura, sendo substituído pelo socialista João Ilídio Costa. A decisão foi vista por muitos como um ato de cobardia, por medo de ser derrotado, mas a verdade é que, em 2013, após a vitória nas autárquicas, Costa tinha afirmado que aquele seria o seu último mandato. O atual presidente apoia, assim, o candidato socialista João Ilídio Costa, um nome que, segundo o ainda presidente já afirmou, "dispensa apresentações".

Com o slogan "Juntos, Vizela vencerá", Costa promete "unir os vizelenses". Na apresentação da sua candidatura, o socialista afirmou que o futuro de Vizela passará pela aposta na coesão e solidariedade social; economia, emprego e inovação; cultura, património e turismo; ambiente e proteção civil; educação e formação; juventude; saúde e desporto; urbanismo e acessibilidades e gestão municipal.

Acusações mútuas

No seu discurso de apresentação da candidatura, Victor Hugo Salgado assumiu-se como filho da terra. "Sou candidato porque amo a minha terra, a terra que me viu nascer, a terra do meu pai e da minha avó, a Dona Quininha da Rua da Rainha, a neta da Dona Joaquina Ferreira da Silva, a criadora do bolinho de Vizela", sublinhou, apelando à união da população "em prol da terra". Sobe o lema "Vizela Sempre", Victor Hugo Salgado pretende conseguir uma maioria absoluta e já fez algumas promessas: liquidar a dívida para baixar impostos, promover um ambiente económico favorável ao investimento na economia local, duplicar a rede social instalada no concelho, reforçar as competências das freguesias, revitalizar o turismo e criar mecanismos para a defesa e criação de emprego.

A grande luta em Vizela está já entre João Ilídio Costa e o independente Victor Hugo Salgado. Os dois têm tecido acusações mútuas e a campanha tem subido de tom. Mais discreto é o candidato da coligação PSD/CDS, "Vizela para todos", Jorge Pedrosa. Apesar de afirmar que os vizelenses são "reféns de uma gestão socialista sem critérios, irracional e sem vergonha", tem optado por fazer balançar os eleitores com promessas concretas, que tocam nos "pontos fracos" da população. Comprometeu-se a baixar o IMI, criar um parque industrial, construir um auditório municipal, oferecer um pacote de medidas de estímulo à natalidade e despoluir o rio Vizela, criando ainda espaços de lazer e recuperando as Termas de Vizela.

Concorrentes à espreita

Os candidatos António Veiga (CDU) e Marco Almeida (BE) pretendem conseguir melhores resultados face às últimas autárquicas, onde apenas 4,83 por cento dos eleitores votaram na coligação que junta o Partido Comunista e "Os Verdes" e 3,18 optaram pelo Bloco de Esquerda.

A provável divisão dos votos dos socialistas poderá ser o grande trunfo da coligação PSD/CDS em Vizela que, em 2013, obteve quase 39,54 por cento dos votos, contra 47,85 do partido socialista. Contudo, está tudo em aberto, num cenário dividido entre socialistas e sociais democratas. Nem mesmo as sondagens não oficiais deixam antever qual dos candidatos sairá vencedor em outubro, numa corrida às urnas que será renhida e que faz antever uma campanha repleta de discursos duros e troca de galhardetes.

Em Vizela, ao longo das últimas décadas, a abstenção aumentou para números preocupantes, tendo-se fixado em quase 40 por cento nas eleições autárquicas de 2013. De forma unânime, os cinco candidatos têm pedido aos vizelenses para comparecerem nas urnas, nestas que prometem ser as eleições mais renhidas dos últimos anos.

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