Viviane em "Confidências" de dez anos a solo

Apresentou-se à frente dos Entre Aspas e fez-se conhecida a cantar a Pequena Flor. De repente, passaram dez anos e o fado tornou-se dominante. Em <em>Confidências</em>, Viviane recorda a vida a solo
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Diz que não é fadista tradicional, mas assume que o fado se tornou no género dominante nos seus discos. A menina que nos anos 90 cantava a história da "pequena flor", já celebra dez anos de carreira a solo e a palete de música diversificou. Porque até aos 13 anos viveu em França, porque cresceu a ouvir os discos de Amália que a mãe tinha em casa, porque foi mãe. "Sempre gostei de cantar fado, mas era para amigos. Bateu-me a sério quando fui mãe, a vida mudou e passei a sentir as coisas de uma forma bem diferente do que acontecia durante os Entre Aspas", conta em vésperas de arrancar para a digressão de promoção de Confidências, o disco em que reúne alguns dos temas que editou desde 2005, ano em que a banda ficou para trás.

"Acho que as pessoas já separaram a Viviane de agora e a dos Entre Aspas. Quando parti para uma carreira a solo, quis mesmo virar a página e seguir para +outros caminhos que não o pop rock dos Entre Aspas. É difícil, as pessoas são resistentes e ficam com uma imagem muito forte do início de carreira", conta. Ainda assim, quando no estrangeiro já começa a ter público que lhe desconhece o passado como vocalista de banda, agora a responsabilidade é maior.

A liberdade também. O melhor de Amores Imperfeitos (2003), Viviane (2007), As Pequenas Gavetas do Amor (2011) e Dia Novo (2013), todos editados de forma independente, é agora reunido em disco e se o fado aparece como constante, ouve-se música de todo o Mundo - da América do Sul, a canção francesa, do fado ao pop rock que a tornou numa das vozes mais icónicas dos anos 90. "Culturalmente, os universos musicais estão ligados. Não foi pensado, tudo foi surgindo. Nasci e vivi em França até aos 13 anos a ouvir Gainsbourg e Piaff, os grandes franceses. A Amália e o fado ouvia a minha mãe em casa e eu gostava de todo aquele sentimento. Mesmo não sendo uma fadista tradicional, o fado é dominante, um convidado de honra no meu trabalho", diz.

Com dois inéditos a compor o alinhamento - Fado do Beijo e uma versão do clássico brasileiro Cantoras do Rádio -, aos 43 anos Viviane sente que já conseguiu o que vê como o maior desafio para um cantor: encontrar um registo próprio. "Sou versátil, gosto muito de cantar e de interpretar. As canções têm de vir de dentro para as partilhar com as pessoas, têm de vir das entranhas ou não faz sentido. Como cantora, gosto muito de jazz e de música eletrónica também, mas consigo adaptar-me a todos os estilos sem perder a minha personalidade. Quem me ouve, sabe quem sou eu e isso é o mais complicado para um cantor."

Hoje, a estrada leva-a até Beja para a primeira apresentação ao vivo do novo disco e depois até Odemira no que será o último concerto de 2015. Para o ano, entre a digressão e a residência em Faro onde terá o estatuto de Músico do Ano, Viviane promete continuar a cantar, sempre no registo que se tornou tão familiar como bem-disposto. Indiferente ao género musical, pop, rock, tango, bossa nova, ou fado, Viviane cantará como sempre fez. Como só ela o faz.

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