Vítor Murta recandidata-se à presidência e diz que salários estão em dia
O presidente Vítor Murta anunciou na segunda-feira que se recandidatará a um segundo mandato seguido na presidência do Boavista, da I Liga de futebol, cujas eleições para o triénio 2022-2024 devem ser realizadas até ao final do ano.
"Neste momento, acho que é importante que haja sinergia entre a SAD e o clube. É meu objetivo recandidatar-me às próximas eleições", revelou aos jornalistas o dirigente, antes do empate na receção ao Belenenses SAD (0-0), no Estádio do Bessa, no Porto, no jogo de conclusão da nona jornada, que manteve o Boavista no oitavo lugar, com 11 pontos.
Vítor Murta falou ao lado do acionista maioritário Gérard Lopez, com quem acordou a venda de 50,78% do capital social da SAD dos 'axadrezados' e assumiu ter "sintonia absoluta", mostrando-se feliz com o rumo seguido pelo clube ao longo do último ano.
"Este é o casamento perfeito. Não nos podemos esquecer que o futebol mudou. Temos um futebol antes e após a covid-19. Para crescer, o Boavista precisava de investimento privado. Só por si, ia ser muito difícil que voltasse a ser o 'Boavistão'. É um peso que está em cima dos meus ombros, mas tenho a certeza de que foi um passo bem dado", notou.
O sucessor do histórico João Loureiro recordou que o Boavista teve de encarar "maiores dificuldades" antes da chegada do empresário hispano-luxemburguês, cujo investimento de quase 15 milhões de euros faz almejar um "grande projeto desportivo e financeiro".
"Temos de sonhar de uma forma sustentada. Sonhar é muito bonito, mas há que ter os pés muito bem assentes no chão. Estamos a criar uma base sustentada para podermos ganhar mais vezes nos próximos anos. Ninguém tem uma solução instantânea para ganhar já", concluiu Vítor Murta, logo após Gérard Lopez ter referido aos jornalistas que ambiciona ver as 'panteras' de volta às provas europeias dentro de "dois a três anos".
Vítor Murta assegurou ainda que o Boavista regularizou os salários da estrutura do futebol, vincando a mensagem transmitida a mais de 200 sócios, numa sessão de esclarecimento ocorrida na sexta-feira.
"Demonstrámos o cumprimento salarial junto da Liga de clubes em setembro. Como é possível haver salários em atraso? Sei que a comunicação social tem de fazer o seu trabalho, mas coloca-se em causa a idoneidade do Boavista e da estrutura com base em algo que foi um agente que disse no Irão", lamentou aos jornalistas o dirigente, antes do empate na receção ao Belenenses SAD (0-0), no jogo de conclusão da nona jornada.
Vítor Murta fazia alusão às declarações de Farshid Karimi, empresário do guarda-redes internacional iraniano Alireza Beiranvand, que tinha garantido horas antes ao portal Maisfutebol que quase todos os salários e o prémio de assinatura do jogador ainda não foram liquidados, bem como a comissão associada ao negócio concretizado em julho.
"Temos de começar a pensar porque é que temos de acreditar numa notícia que vem do Irão. Em Portugal deu-se ênfase a um agente que tem como objetivo forçar o Boavista a pagar a comissão que o Boavista tem de pagar. De facto, ainda não a recebeu. O seu objetivo é chantagear nesse sentido, pondo cá fora estas notícias. No Boavista ninguém cede a chantagens. O clube tem prazos para pagar e haveremos de pagar", sublinhou.
Acusando o Boavista de estar em incumprimento com outros jogadores, Farshid Karimi admitiu a hipótese de rescindir o contrato de Alireza Beiranvand, de 29 anos, titular no jogo de segunda-feira, que chegou no defeso por empréstimo dos belgas do Antuérpia.
"Queria fazer uma retrospetiva rápida. Desde que se falou de investidor, a estratégia foi sempre a mesma. Não íamos inscrever o clube, mas inscrevemos. Os jogadores não iam ser inscritos, mas foram. Agora são os salários em atraso, com base numa notícia que saiu no Irão, mas que não faz sentido absolutamente nenhum. Temos equipa e atletas inscritos, salários pagos e estamos a fazer um bom campeonato", reiterou Vítor Murta.
O líder máximo do oitavo colocado da I Liga, com 11 pontos em nove rondas, admite que as 'panteras' "vivem com dificuldades", acentuadas pela pandemia de covid-19, e "têm renegociado dívidas com os credores", visando em breve capitalizar a venda de atletas.
"Há muita gente que deve dinheiro ao Boavista, mas não vamos para a comunicação social falar. Havemos de o receber. Há cinco ou seis anos pensávamos: 'quem é que podemos transferir?'. Agora, olhamos para o plantel e vemos que temos ativos. Estas questões que têm vindo à baila prejudicam a tranquilidade do clube, mas não vão afetar de forma assim tão incisiva como pretendem. Lamentamos que isto aconteça", concluiu.
Vítor Murta falou ao lado de Gérard Lopez, que corroborou que "os salários estão pagos", antes de o investidor ter assistido pela primeira vez a um jogo no Estádio do Bessa, no Porto, desde que adquiriu em julho 50,78% do capital social da SAD do Boavista.
Antes das declarações do acionista maioritário e do presidente da administração do clube portuense, o semanário Novo noticiou que os jogadores da equipa principal tinham decidido avançar para um cenário de possível greve, caso não fossem saldadas até hoje alegadas dívidas em atraso, entre as quais ordenados e prémios individuais e coletivos.
"São notícias que não fazem sentido. É claramente mentira, apesar de não ter de ser a mim que têm de fazer as perguntas. A maior parte é mentira e não faz sentido falar sobre isso", afirmou no final do jogo o avançado Tiago Morais, na zona de entrevistas rápidas.
Com o 'nulo' diante do Belenenses SAD, a formação de João Pedro Sousa manteve a invencibilidade a atuar em casa, mas somou a terceira jornada consecutiva a empatar no campeonato e a sexta seguida sem vencer, numa série de resultados intercalada com a eliminação na terceira ronda da Taça de Portugal no terreno do Rio Ave, da II Liga (0-4).