Para o diretor da Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA, Brock Long, as mortes associadas aos furacões Irma e Maria, que devastaram Porto Rico em setembro de 2017, não são tanto consequência da ação destruidora dos elementos mas mais de causas como violência doméstica..Na quinta-feira, o presidente Donald Trump negou os números do relatório do Milken Institute School of Public Health da Universidade George Washington - 2975 cidadãos norte-americanos morreram de forma direta e indireta - e acusou os democratas de terem forjado o número.."Isto foi feito pelos democratas com o objetivo de ficar o mais malvisto possível quando eu consegui com êxito arrecadar milhares de milhões de dólares para ajudar a reconstrução de Porto Rico. Se uma pessoa morreu por uma razão qualquer, por exemplo, velhice, é adicioná-la à lista. Má política. Eu adoro Porto Rico!", escreveu Trump no Twitter..A estimativa oficial de mortos é de 64 e só teve em conta o número de vítimas de afogamento e da queda de estruturas. Já o relatório universitário concluiu que entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018 morreram 2975 pessoas devido ao furacão e às suas consequências, como por exemplo a falta de eletricidade, água potável, medicação e tratamentos médicos, bem como suicídios..O estudo nota ainda uma perda de 8% da população - a grande maioria mudou-se das Caraíbas para a Florida.Instado a comentar as afirmações, o diretor da agência, nomeado por Trump, saiu em defesa do presidente. "Eu não sei porque fizeram os estudos. Na minha opinião, o que temos a fazer é descobrir por que morrem as pessoas por mortes diretas, que são o vento, a água e as ondas, e edifícios em colapso", disse Brock Long numa entrevista à NBC..Depois, continuou, há as mortes indiretas. "Podemos ver mais mortes indiretas ocorrer com o passar do tempo, porque as pessoas têm ataques cardíacos devido ao stress. As pessoas caem ao tentar consertar o telhado, morrem em acidentes de carro porque passaram por um cruzamento com os semáforos avariados.".E para terminar Long lembrou-se de dizer que "há estudos de todo o tipo" e invocou a violência doméstica. "Os números da violência doméstica são absurdos e "não se pode responsabilizar ninguém pela violência doméstica após um desastre"..Falhas na resposta.A resposta ao desastre natural de setembro passado por parte da agência federal recebeu críticas de quase todos os quadrantes: lentidão, dificuldades de coordenação com as autoridades locais e falhas graves como, por exemplo, a de uma empresa que foi contratada para servir 30 milhões de refeições e apenas entregou 50 mil; ou a de mais de 10 milhões de garrafas de água que ficaram por distribuir numa pista do aeroporto, em Ceiba..Diretor sob investigação.Brock Long tem o discurso alinhado com o de Donald Trump. Long disse que a agência nunca recebera tanto apoio da Casa Branca como agora. O presidente agradeceu no Twitter..Mas Brock Long pode estar com o destino traçado. O Departamento de Segurança Interna está a investigar a suspeita de que Long, que iniciou funções em junho de 2017, tenha usado meios governamentais de forma abusiva, nas deslocações entre Washington e a Carolina do Norte, o seu estado-natal..Na mesma entrevista à CBS, Brock Long desmentiu notícias que davam conta que teria sido convidado a pedir a exoneração e afirmou que não vai sair. "Não, não, não. estou aqui para trabalhar pelo meu país todos os dias. É tudo o que faço."