Vinda de médicos colombianos desacredita medicina familiar
"A vinda dos médicos colombianos só faz é desacreditar a medicina geral familiar portuguesa, que é muito conceituada", disse à agência Lusa José Silva Henriques, frisando que estes clínicos "não são médicos de família".
Silva Henriques acrescentou ainda: "um médico de família é um médico especializado e, portanto, eles são médicos indiferenciados que, por uma questão política que nós achamos incorrecta, vieram para Portugal com um contrato, mas não são médicos de família".
"Não me passa pela cabeça ir buscar um médico indiferenciado para pôr num serviço de medicina interna de um hospital", exemplificou.
Para o responsável, a vinda destes médicos colombianos para colmatar a falta de clínicos nos centros de saúde "é um remendo que não serve" para atender às necessidades das populações.
São medidas que "até se podiam chamar de terceiro mundista" e sem "uma perspectiva de visão de futuro", sublinhou.
Para Silva Henriques, "o Governo devia ter a preocupação de colocar os jovens especialistas e dar-lhes incentivos para se deslocarem", assim como dar incentivos aos médicos que se reformaram para regressarem ao Serviço Nacional de Saúde.
"O chavão de que há falta de médicos em Portugal não é bem assim. Eles estão é mal distribuídos, mas para isso é necessário dar condições aos médicos", defendeu.
O médico defendeu ainda que deviam ser dadas "condições" e "incentivos" às Unidades de Saúde familiar e às Unidades de Cuidados Personalizados para aceitarem mais utentes nas suas listas.
Esta situação, segundo Silva Henriques, coloca ainda um "problema comunicacional" entre o médico e o utente devido à barreira da língua. "É fundamental para uma boa consulta, um bom entendimento e isso não se verifica".