Vilaverdense em Alvalade para "continuar a fazer história"

Técnico António Barbosa avisa: "Improvável não é impossível." Equipa tem melhor ataque dos campeonatos nacionais
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O Vilaverdense vive um momento único no seu historial de quase 65 anos, na maioria passados nos distritais de Braga, exceção feita a 19 presenças nos escalões nacionais. A visita de amanhã a Alvalade, para defrontar o Sporting, é encarada por todos como o culminar de "uma carreira histórica" na Taça de Portugal, atingida à custa da eliminação de Bragança, Esmoriz, Boavista e Vizela, merecendo especial destaque o triunfo perante os axadrezados, da I Liga, por 1-0.

Apesar do elevado grau de dificuldade que encerra uma visita a Alvalade, o treinador António Barbosa é a voz da ambição: "Queremos continuar a fazer história." "Improvável não é o mesmo que impossível, por isso vamos agarrar-nos ao improvável, pois sentimos que podermos ir mais além", atirou, quando questionado pelo DN sobre as possibilidades de o Vilaverdense afastar os leões da Taça de Portugal.

O técnico garante que sente os seus jogadores "predispostos para mostrarem porque chegaram a este jogo" em Alvalade. "Não sinto qualquer tipo de nervosismo, pois os meus jogadores têm uma enorme crença individual e coletiva", explica, deixando desde logo uma garantia: "Este é um jogo peculiar e tenho a certeza de que vamos fazer que as pessoas que assistirão ao jogo gostem da qualidade e da forma como joga o Vilaverdense." "Vamos jogar à Vilaverdense! Ou seja, com a habilidade e o talento que faz de nós o melhor ataque dos escalões nacionais [38 golos], pois chegamos sempre com grande eficácia às zonas de finalização", acrescentou.

Este é daqueles jogos que todos querem jogar, um desejo que os treinadores não podem satisfazer, pois há sempre alguém que fica de fora. No entanto, António Barbosa não vê isso como um problema, pois "é habitual ficarem três ou quatro de fora em cada fim de semana que, sem qualquer dúvida, jogariam em qualquer outra equipa do Campeonato de Portugal".

O capitão de equipa é Nené, médio de 38 anos que já tem experiência de atuar em grandes palcos, tendo defrontado três vezes o Sporting - duas pelo Sp. Braga e uma pelo Desp. Aves - sempre com o mesmo resultado: derrota por 0-2. António Barbosa assume que se trata de "uma importante ajuda" para os restantes jogadores do plantel, considerando-o mesmo "a alma da equipa". Ao DN, Nené lembra que "ninguém ganha sem jogar". "O Sporting é, obviamente, favorito, mas num jogo como este, de Taça, tudo pode acontecer", avisa, admitindo que a sua equipa "terá de trabalhar o dobro".

De uma coisa Nené tem a certeza: "Não vamos ser o bombo da festa." Tendo em conta a sua experiência, assume acreditar em tudo "no futebol" e explica porquê: "Os jogadores do Sporting também começaram por baixo e quem pode dizer que algum dos jogadores do Vilaverdense não estará no futuro num clube grande?" O médio reconhece que a visita a Alvalade está a mexer com as pessoas de Vila Verde, que têm abordado os jogadores na rua. "É normal que falem neste jogo e sinto que os adeptos têm esperança. Nós temos confiança de que é possível, mas sabemos que se facilitarmos o Sporting não nos dará abébias. O importante é que nós não mudemos a nossa forma de jogar, embora tenhamos de ter mais atenção durante o jogo e procurar criar-lhes problemas", sublinhou o capitão do Vilaverdense.

O sonho de chegar à I Liga

O presidente Eduardo Milhão não esconde o orgulho por, pela primeira vez, o clube ter chegado aos oitavos-de-final da segunda prova mais importante do futebol português, algo que diz ter "um significado enorme" para o clube e para os habitantes de Vila Verde, que "estão mais próximos da equipa e já aparecem mais aos jogos". E deixa a certeza de que "irá muita gente a Alvalade assistir ao ponto alto do clube". O treinador António Barbosa prevê "uma grande mobilização", pois "todos falam do jogo nos cafés nas ruas", esperando "mais de 500 pessoas a fazer a viagem até Lisboa".

Em julho de 2016, Eduardo Milhão foi eleito presidente do Vilaverdense, que na altura tinha uma dívida próxima dos 140 mil euros, mas deixa a garantia que atualmente a saúde do clube "é boa, pois tem as suas contas em dia", uma situação que se deve ao lema da política que foi adotada: "Só podemos gastar aquilo que temos." Importante para a melhoria financeira foi a angariação de um "patrocinador de peso, que é muito importante para o clube" - trata-se do centro de alto rendimento Prozis Football Academy, que até há cerca de dois anos e meio foi uma espécie de clube-satélite do Vilaverdense e que se dedica à formação de jogadores de futebol.

A equipa ocupa o segundo lugar da Série A do Campeonato de Portugal, a oito pontos do líder Vizela, mas apesar do atraso Eduardo Milhão garante que o clube é "candidato assumido à subida" à II Liga. "É isso que queremos, mas o futuro a Deus pertence", sublinha, revelando ter um projeto ambicioso para o futuro. "O nosso objetivo é chegar à II Liga e depois, quem sabe, à I Liga. O mais difícil é conseguir a promoção no Campeonato de Portugal, pois há muitos candidatos, mas se o conseguirmos, o sonho de chegar ao topo do futebol português pode tornar-se realidade", frisou.

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