Viegas não quis criticar Governo mas máquina do Estado

Francisco José Viegas diz ter ficado surpreendido com o "ruído" em torno do conteúdo do <i>post </i>que colocou no seu blogue, no qual informava que mandaria "tomar no cu" algum agente que o quisesse multar por não ter pedido uma fatura de despesa.
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Naquela que foi a sua primeira entrevista desde a polémica, além de se dizer surpreendido "pela reação escandalizada" ao seu post, o ex-secretário de Estado da Cultura garante que a sua postura não é de ataque ao Governo mas sim à máquina do Estado.

"Não se trata de uma crítica a este Governo em particular... o que está aqui em causa não é um governo, é a máquina do Estado", diz Francisco José Viegas, reconhecendo que "obviamente há uma cadeia de solidariedade que é preciso manter quando se é membro do governo". E admite que sente essa solidariedade com pessoas com quem trabalhou. Essa relação faz com a linguagem a usar possa "não ser tão institucional".

Relativamente à linguagem menos institucional que Viegas utilizou no seu post, o próprio recorda "que um blogue é um blogue". E que "há que ver em que contexto eu editei o que escrevi e que assumo.

E ex-secretário de Estado atribui todo o "ruído" à volta da sua expressão a "uma espécie de moralismo da nossa sociedade e do jornalismo em particular". É que, diz, "periodicamente, o país enche-se de moralistas. Mais do que de moralismo, enche-se de moralistas, e eu acho isso surpreendente".

E lamenta que os portugueses entendam os direitos civis como "uma espécie de luxo da democracia". A obrigatoriedade de pedir factura de despesa que o governo quer impor ao cliente é um exemplo. E Francisco José Viegas justifica: "A partir do momento em que há pessoas que são notificadas pela máquina do Estado para guardar faturas, a certa altura, o absurdo toma conta da nossa vida quotidiana. E se não temos cuidado, o absurdo toma conta de nós e isso é que é preciso evitar".

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