Vídeo que mostra polícia a abater criança negra pode desencadear nova onda de protestos nos EUA
No dia em que o nível de tensão em Ferguson e noutras cidades americanas decresceu de forma evidente, a revelação de um vídeo em que se segue os minutos que antecederam a morte de uma criança negra de 12 anos, abatida a tiro por um polícia em Cleveland, pode originar um outro de violência já a partir de amanhã.
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Vídeo editado com o momento em que a polícia chega ao local e dispara
Se a calma que se viveu hoje pode ser, parcialmente atribuída ao feriado do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day), o vídeo, proveniente de uma câmara de vigilância, mostra que, poucos segundos após a chegada da polícia ao parque onde Tamir Rice brincava no último fim de semana com um pistola falsa, os dois agentes depararam-se com o rapaz e abateram-no de seguida.
O vídeo divulgado quarta-feira ao final do dia provocou hoje uma reação dura da associação de defesa dos direitos da comunidade negra, a NAACP, que considera a morte de Tamir Rice como prova da existência de falhas "nos critérios de seleção, treino e preparação dos agentes de polícia" nos Estados Unidos.
Para os representantes da NAACP, "os agentes de polícia deveriam estar preparados para se confrontarem com pessoas de qualquer origem étnica e de todas as culturas e, só em derradeiro recurso, recorrerem à força letal.
No dia anterior à difusão do vídeo, fora conhecido um registo áudio em que um indivíduo do sexo masculino telefona para o equivalente dos serviços do 112 nos EUA e revela que a arma nas mãos da criança negra não passava de um brinquedo. Essa informação não foi transmitida aos agentes que se dirigiam para o parque onde estava Tamir Rice.
Temendo precisamente um surto de violência, os pais da criança morta em Cleveland divulgaram hoje um comunicado, pedindo a todos que se "manifestem de forma pacífica e responsável".
"Utilizemos as nossas emoções de uma forma que contribua de forma positiva para os esforços de encontrar soluções e mudanças (...) para a forma como as forças da ordem interagem com os cidadãos de cor".
Após duas noites de violências em Ferguson, o dia de hoje decorreu de forma tranquila nesta cidade assim como noutros pontos dos EUA onde sucederam protestos nos últimos dias. A expetativa é agora como irá decorrer sexta-feira e, em particular, sábado, dia para o qual o ativista dos direitos da comunidade negra, Al Sharpton, apelou para uma jornada de protesto nacional contra a violência policial sobre esta comunidade.