Vida inteligente para uma longevidade saudável

No dia das mulheres, quero agradecer tudo o que aprendi com elas, de adolescentes a adultas na pós-menopausa. Proponho a todas que tenham o que chamo de Smart Life, ou vida inteligente, para conseguir uma longevidade saudável. Porque o segredo está na prevenção e na informação.
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No Dia Internacional da Mulher, quero elogiar e agradecer a todas as mulheres, com quem muito tenho aprendido ao longo da minha vida profissional como médica Endocrinologista. No dia a dia clínico, acompanho maioritariamente mulheres: da adolescência à pós-menopausa, das mulheres grávidas às que querem engravidar, das que têm filhos às que decidiram não os ter.

Se fosse possível distanciar-nos no tempo e ver de longe estas mulheres e profissionais de hoje, certamente pensaríamos que estávamos a ver um filme de super-heróis. São as mulheres modernas que se esforçam por conciliar a profissão com a vida em casal e com o papel de mães, filhas e amigas.

Alguns poderão dizer que sempre assim foi e que estou a exagerar. No entanto, não há qualquer dúvida que o contexto mudou: o ambiente profissional é mais competitivo e as exigências familiares são muito maiores. Entre serem mulheres, amantes, eternamente jovens e lindas, supermães e, em muitos casos cuidadoras, estão verdadeiramente exaustas e algumas já com doenças associadas ao estilo de vida. É o que constato na consulta todos os dias.

No outro extremo, vejo muitas mulheres que já não estão numa fase profissionalmente ativa e que se apercebem que estão a viver o resultado de uma vida de desgaste intenso e que não se cuidaram. São mulheres com excesso de peso,

obesidade, diabetes, hipertensão, com dificuldade em se mover e, da mesma forma, exaustas.

Infelizmente com menor frequência, tenho o prazer de ver algumas mulheres que encontraram o equilíbrio que lhes permitiu manter algum foco nelas próprias ao longo da sua vida. E, na verdade, isto nem sempre está diretamente associado a um status socioeconómico mais elevado. Nestes mulheres, houve a preocupação com uma alimentação equilibrada, com a prática de exercício físico, com o bem-estar mental, com um cuidado de fazer avaliações médicas regulares e de procurarem conselho médico sempre que sentiram que algo não estava tão bem, tanto física, como mentalmente.

É este o verdadeiro antiaging, que podemos e devemos praticar ao longo da nossa vida. Desta forma, a mulher deve considerar adotar o conceito que denomino de Smart Life, ou vida inteligente. No fundo, para conseguir uma longevidade saudável, é fundamental que as mulheres tenham um nível elevado de literacia em saúde, tendo por base uma informação credível, de preferência junto de profissionais de saúde e de equipas multidisciplinares. Só dessa forma conseguirão o empoderamento necessário para tomarem decisões inteligentes, saudáveis e esclarecidas.

As iniciativas de sensibilização e promoção da saúde da mulher, como a que o Hospital CUF Descobertas está hoje a promover, são importantes para aumentar a literacia sobre como atingir uma longevidade saudável.

Não nos podemos esquecer que o envelhecimento, por mais assustador que possa ser para "algumas de nós", é um fenómeno natural, em que se verifica uma diminuição progressiva das capacidades dos vários órgãos e sistemas, bem como alterações dos níveis hormonais. É também natural que "todas nós" queiramos adiar o mais possível esse envelhecimento, mas não nos podemos deixar enganar.

Em relação às hormonas, há uma natural adaptação ao longo da vida, com os níveis hormonais a variar em função da idade, resultando num melhor estado de saúde e

maior longevidade, associado a níveis hormonais característicos da idade cronológica. A utilização de tratamentos hormonais quando não há um défice comprovado, não revelou, até ao momento, que os benefícios pretendidos sejam superiores aos riscos.

Um exemplo que posso dar é o que acontece com as hormonas tiroideias, pois sofrem uma adaptação com o avançar da idade, sendo esses diferentes valores protetores do sistema cardiovascular e, portanto, associados a uma maior longevidade. É importante que qualquer medicação seja avaliada pelo seu médico.

Outro tema muito importante e que não pode deixar de ser falado entre as mulheres é a menopausa, sendo fundamental esclarecer, educar e aconselhar acerca da melhor forma de lidar com todas as alterações que induz. A menopausa não pode e não deve ser um tema tabu na sociedade e muito menos nos consultórios médicos.

Para conseguir uma longevidade saudável, prefira uma Smart Life. O segredo está na prevenção e na informação.

Coordenadora do Centro de Endocrinologia e Nutrição do Hospital CUF Descobertas

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