Vice-presidente do PSD diz que polémica em torno do secretário-geral não pode durar muito
O vice-presidente do PSD Castro Almeida reconheceu hoje que "as coisas não estão a correr bem", um mês após a entronização de Rui Rio na liderança, e que casos como o do currículo do secretário-geral não podem durar muito tempo.
"Eu assumo que as coisas não estão a correr bem, estamos num período de adaptação e este arranque é um período de adaptação que tem tido alguns incidentes dispensáveis, alguns são naturais de um período de arranque, de adaptação, e outros eram dispensáveis", admitiu Manuel Castro Almeida em entrevista à rádio Antena 1, que será divulgada hoje, dia em que o DN avança que Rui Rio está à espera da demissão de Barreiras Duarte da secretaria-geral do partido.
Entretanto, hoje, o jornal online Observador avançou que, durante pelo menos nove anos, Feliciano Barreiras recebeu subsídio do Parlamento como se vivesse no Bombarral, mas morava em Lisboa. Os serviços da AR informaram que o deputado do PSD "declarou, para efeitos de cálculo de ajudas de custos e despesas de deslocação" que era "residente no Bombarral". Barreiras Duarte justifica, em respostas ao Observador, que tinha a sua "morada fiscal" no Bombarral e alega até "perder dinheiro" com essa escolha em vez de ter posto o endereço de Lisboa.
Relativamente à polémica em torno do currículo académico do secretário-geral do partido, Feliciano Barreiras Duarte, o vice-presidente considerou: "tenho a certeza que o meu companheiro Feliciano Barreiras Duarte estará a avaliar se tem ou não tem condições de poder exercer uma função tão importante e tão exigente como é a de secretário-geral do partido".
Contudo, Castro Almeida defendeu esta é uma situação que não pode durar muito mais tempo.
Questionado se a situação acontecesse com o próprio Castro Almeida, respondeu: "Não é comigo...isto não aconteceria comigo. Creio que todos compreendemos as circunstâncias particulares em que ele [Barreiras Duarte] está neste preciso momento, isto não pode é durar muito tempo como é obvio".
O semanário Sol noticiou no sábado passado, dia 10 de março, que Feliciano Barreiras Duarte teve de retificar o seu currículo académico para retirar o item que o indicava como professor convidado ('visiting scholar') na Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos.
Na terça-feira passada, a Procuradoria-Geral da República remeteu para inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa os elementos que recolheu sobre o caso. "Na sequência de notícias vindas a público, a Procuradoria-Geral da República procedeu à recolha de elementos. Esses elementos foram encaminhados para o DIAP de Lisboa com vista a inquérito", revelou a PGR, em resposta à agência Lusa, sem adiantar mais pormenores.
À noite, em comunicado, o secretário-geral do PSD reiterou que "nada fez de errado" e que irá "esperar serenamente" os resultados do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República ao caso do seu currículo.
"Nada fiz de errado no chamado processo de Berkeley; todos os movimentos e ações relacionados com esse caso estão devidamente documentados e são inequívocos quanto à minha inocência; fui convidado para 'visiting scholar' (estatuto que não confere qualquer grau académico) e não me fiz convidado; não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkely -- nem financeiro, nem académico, nem profissional, nem político", lê-se num comunicado divulgado na terça-feira por uma agência de comunicação em nome de Feliciano Barreiras Duarte.
O presidente do PSD, Rui Rio, escusou-se esta semana a comentar o caso quando questionado pela RTP.