Vice distancia-se mais de Bolsonaro e diz que aborto é "decisão da pessoa"
Hamilton Mourão defende que o aborto deve ser decisão exclusiva da mulher. "A minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa", disse o vice-presidente brasileiro numa entrevista ao jornal O Globo em que abordou também as divergências de opinião com o presidente Jair Bolsonaro, que têm gerado ruído no governo.
"Cada um de nós tem o seu estilo de agir. O presidente Bolsonaro tem o estilo dele, característico. Ele construiu uma vida política de 30 anos em cima disso. É totalmente diferente de mim. Eu tive uma vida dentro do exército, ocupei funções que me exigiram lidar com uma gama de pessoas totalmente distintas, comandei muita gente, então isso leva-me a ter um estilo diferente de lidar. Não é uma questão de um ser o antípoda do outro, como fica querendo ser caracterizado. Muito pelo contrário. Ele tem uma experiência e eu tenho outra, que se retrata depois na forma como a gente conduz".
Ao longo do primeiro mês de gestão de Bolsonaro, o vice-presidente ocupou a função de chefe de estado interino em duas ocasiões. Quando Bolsonaro esteve em Davos, no fórum económico global, e durante a cirurgia intestinal a que se submeteu.
Mourão declarou-se, nesse período, contrário à mudança da embaixada brasileira em Israel de Telavive para Jerusalém, uma medida que Bolsonaro defendeu publicamente, e mostrou-se solidário com Jean Wyllys, deputado que decidiu não assumir o cargo por sofrer ameaças de morte no Brasil, e com Lula da Silva, a quem foi vetada a presença no enterro do irmão.
Wyllys e Lula são dois dos ódios de estimação do presidente. Até esta entrevista, por ser concedida ao jornal O Globo, que pertence ao grupo de comunicação com o qual o governo abriu guerra, caiu mal no núcleo mais próximo do Palácio do Planalto.
Em São Paulo