Verstappen deixa F1 a celebrar o "novo Senna ou Schumacher"

Christian Horner, chefe da Red Bull, não tem dúvidas: show do jovem holandês em Interlagos está ao nível dos dois pilotos lendários que reinavam à chuva. Elogios multiplicam-se
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Com a Fórmula 1refém de um monopólio competitivo tão acentuado quanto o da Mercedes, o facto de aparecer um qualquer outro piloto a conseguir desviar a atenção mediática dos carros pilotados por Lewis Hamilton e Nico Rosberg já justifica algum entusiasmo. E se esse piloto consegue ser o centro das atenções na mais espetacular corrida do ano, numa altura em que a discussão do título está ao rubro entre os dois carros da Mercedes, então devemos estar perante um caso especial.

É o que se passa com o holandês Max Verstappen, da Red-Bull, que conquistou definitivamente o universo da F1 com o recital à chuva no Grande Prémio do Brasil, em Interlagos, fazendo disparar as comparações com os melhores da história da competição. Verstappen, que já tinha deixado várias pistas de poder ser a next big thing da Fórmula 1 - com vários recordes de precocidade já batidos, desde a entrada no "Circo" aos 17 anos, em 2015, até à primeira vitória num Grande Prémio, este ano, com 18 -, foi a grande figura da corrida em São Paulo, pela espetacular demonstração de perícia ao volante sob a forte chuva que alagou a pista.

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Um show que roubou a cena ao tão aguardado duelo entre os dois Mercedes, de Lewis Hamilton e Nico Rosberg, que adiaram para a última prova a decisão do título. Depois de uma estratégia errada de pneus por parte da Red-Bull, que o obrigou a inesperadas paragens adicionais nas boxes e o atirou para a parte de trás do pelotão a 15 voltas do fim, o jovem Max, filho de outro ex-piloto da Fórmula 1, Jos Verstappen, recuperou desde o 14.º lugar até ao terceiro, a um ritmo frenético que causou espanto pela facilidade com que deixou para trás rivais como o tetracampeão Sebastian Vettel (Ferrari) ou o colega de equipa Daniel Ricciardo.

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Verstappen fez resgatar memórias de outras serenatas memoráveis à chuva protagonizadas pelos lendários Ayrton Senna e Michael Schumacher, os dois mais impressionantes pilotos que a F1 conheceu sob condições tão extremas quanto as que afetaram este GP do Brasil.

Christian Horner, diretor da equipa Red-Bull, assume a pertinência da comparação e não duvida em colocar Verstappen na galeria dos foras-de-série da história da competição. "Foi uma melhores pilotagens que eu já vi na F1, para ser honesto", apontou. "A forma como ele pilotou nas últimas 15 voltas foi incrível. Não é todos os dias que vemos uma corrida como esta. O que presenciamos em Interlagos foi algo muito, muito especial. Acho que está no mesmo nível [de Senna e Schumacher]. É preciso comparar isto com os grandes momentos da história", acrescentou, evocando episódios históricos como os de Senna no Monaco, em 1984, ou em Portugal, em 1985, ou o de Michael Schumacher em Espanha, em 1996.

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As comparações com os maiores da história também já não são virgens. O dono da equipa Red-Bull já tinha arriscado colocar Verstappen e Senna no mesmo plano, dias antes, numa entrevista ao jornal espanhol Marca. "Se considerarmos o talento natural, a força mental e a coragem que ele demonstra nas corridas, sim, penso que pode ser como Senna", disse Dietrich Mateschitz sobre o piloto de 19 anos.

Mas os elogios multiplicaram-se após a corrida de Interlagos. "Sabia que era bom, mas o de hoje [domingo] foi incrível", referiu o ex-campeão do mundo Niki Lauda, assessor da Mercedes, equipa dos grandes rivais de Verstappen. "É um daqueles talentos que aparecem uma vez a cada geração, como Senna ou Schumacher", acrescentou Johnny Herbert, outro ex-piloto da F1. O britânico Martin Brundle, que ainda partilhou as pistas com Ayrton Senna nos anos 1980, reforçou o aplauso generalizado: "Já o tínhamos como um possível futuro campeão, mas Max saiu daqui com essa imagem reforçada." E até o pai de Verstappen admitiu ter ficado "surpreendido" com a exibição do filho. "Nunca vi nada assim", disse Jos.

Rápido, corajoso, irreverente, Max Verstappen vai colecionando admiradores, mas também rivais em pista. A sua condução agressiva já motivou queixas de adversários como Raikkonen ou Vettel - o alemão, aliás, voltou a queixar-se após ter sido ultrapassado pelo holandês no Brasil. Mais uma vez, tal como aconteceu com Senna e Schumacher nas suas épocas.

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