Veríssimo à procura do primeiro troféu com Amorim à espera da nona Taça da Liga
E o campeão de inverno é... o vencedor do duelo entre o clube com mais Taças da Liga (Benfica, com sete) e a pessoa com mais troféus (Rúben Amorim, com oito: seis como jogador e dois como treinador). Esta noite (19h45, SIC e Sport TV) só um deles sairá do Estádio Municipal de Leiria com a taça.
A estatística é favorável ao Benfica, que procura o oitavo troféu. Além de ter ganho todas finais que disputou nesta prova - com Sporting (2009), FC Porto (2010), Paços de Ferreira (2011), Gil Vicente (2012), Rio Ave (2014) e Marítimo (2015 e 2016). Além disso, os encarnados venceram mais do dobro das 13 finais decididas num dérbi com o Sporting, em três competições diferentes: nove troféus conquistados, contra quatro dos verdes e brancos, que nos últimos anos têm emergido de épocas asfixiantes e procuram equilibrar a estatística.
Com três Taças da Liga em quatro anos, os leões já são a segunda equipa com mais troféus depois do Benfica (sete) e procuram um lugar na história para Rúben Amorim. O técnico leonino já é o que tem mais taças ganhas (oito contra sete de Luisão, atual diretor técnico do Benfica) e procura igualar o registo de Jorge Jesus, o único treinador a ganhar três troféus seguidos e que hoje, em caso de vitória do Benfica, pode engordar o currículo com mais uma, já que orientou a equipa nos dois primeiros jogos.
E se Amorim procura o terceiro troféu seguido como treinador (venceu em 2020 pelo Sp. Braga e em 2021 pelo Sporting), para Nélson Veríssimo pode ser o primeiro troféu da carreira. O treinador encarnado até leva vantagem no confronto direto com o técnico leonino, uma vez que venceu na última jornada da I Liga 2019-20, depois de assumir a equipa com a saída de Bruno Lage.
Os dois rivais de Lisboa encontram-se pela segunda vez numa final da Taça da Liga. Em 2009, num encontro jogado no Estádio do Algarve, os leões de Paulo Bento marcaram primeiro, por Bruno Pereirinha, até que, ao minuto 73, quando Di Maria tentou entrar na área, tendo a bola batido no peito de Pedro Silva. O árbitro Lucílio Baptista pensou ter sido com o braço e marcou penálti. O Benfica de Quique Flores, que apostou em Rúben Amorim como titular, empatou por Reyes e venceu depois no desempate por penáltis. Pedro Silva foi expulso, chamou "ladrão" ao árbitro e, após a cerimónia de entrega de prémios, atirou a medalha de finalista vencido para o relvado, numa imagem que ficou para a história.
Benfica e Sporting voltam hoje a decidir quem leva a taça para casa, com o FC Porto a assistir pela televisão mais uma vez. Os dragões nunca venceram a Taça da Liga em 15 edições e detêm mesmo o recorde de mais finais perdidas: quatro.
Reforçar o estatuto de clube com mais troféus desde a criação da prova na época 2007-08 é então o objetivo de Nélson Veríssimo, que reconhece a importância de conquistar Taça da Liga: "Temos consciência que o clube não ganha um troféu há dois anos e meio. Sei o que isso representa para o clube, portanto temos consciência da importância do troféu, mas não nos traz mais responsabilidade."
Jogar em 4x4x2 ou 4x3x3 ou mesmo regressar ao sistema de três defesas usado por Jesus é a questão que o treinador do Benfica não quis revelar para "não estar a dar trunfos a Rúben Amorim". Segundo Veríssimo, o importante é trabalhar as ideias e o processo de jogo do Benfica. "Temos de ter em conta as características do adversário e tirar partido das suas fragilidades, mas o foco tem de estar sempre na nossa capacidade de transitar, defender, atacar", disse, referindo-se ao dérbi como um jogo "com emoções diferenciadas".
De fora, além de Darwin Núñez e Otamendi (nas seleções), continuam os lesionados Lucas Veríssimo, Rodrigo Pinho e Seferovic, enquanto Rafa Silva está infetado com covid-19. Do lado do Sporting, Daniel Bragança e Pedro Porro (autor do golo que deu a Taça da Liga no ano passado) estão aptos, segundo Rúben Amorim que ontem se recusou falar sobre o mercado e o eventual regresso de Slimani, preferindo elogiar Paulinho, que falhou um golo de baliza aberta, na meia final com o Santa Clara. "Já falhou e depois fez um hat-trick. Para mim o Paulinho continua a ser o melhor avançado português e aquele que quero para a minha equipa. O que acontecer no mercado, cá estarei para explicar", disse.
Questionado sobre que memórias tem da final de 2009, Amorim sorriu e respondeu: "Será especial se ganhar, senão será para esquecer. Nessa altura estava do outro lado, era jogador, ganhámos nos penáltis e com um caso de arbitragem. Agora espero vencer e ganhar para o Sporting." O técnico assegurou ainda que a época não depende da Taça da Liga. "Ganhando não muda nada, acabou, vai para o museu. Se não acontecer, há o desgosto de não ganhar mais um troféu, mas a vida continua e a preparação do resto da época continuará igual", garantiu.
Manuel Mota, de Braga, será o árbitro do dérbi, que terá uma bola especial, com ilustrações feitas por crianças hospitalizadas no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, no âmbito de uma iniciativa da Fundação do Futebol (Liga Portugal) e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.