Verdade ou morte

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A vida não muda com um passe de mágica só porque ontem era 2016 e hoje já estamos em 2017, mas nós podemos mudar. Em tudo o que somos, em tudo o que fazemos.

A passagem do ano serve para que o DN se apresente com outra roupagem e, sobretudo, com outra atitude. Hoje, como nunca, é imprescindível fazer jornalismo com liberdade e responsabilidade. Uma redação tem de ser, sempre, um espaço de debate a pensar na relevância que temos para os leitores.

Num tempo de pós-verdade, em que os factos perdem relevância para as emoções e as crenças, é ao jornalismo que se pede uma maior exigência. Estar refém das redes sociais é uma opção, não é uma fatalidade. A democratização da opinião exige um maior escrutínio, ler o zé das iscas não é igual a ler o zé dos anzóis. Não temos todos as mesmas habilitações, não somos todos responsabilizados da mesma maneira pelo que dizemos e escrevemos.

Este é o ano em que os jornalistas voltam a reunir-se em congresso. Espero que o façam para pôr o dedo na ferida e não para enfiar a cabeça na areia. O jornalismo vive um período de estrangulamento financeiro, que pode e tem de ser vencido sem preconceitos. A maior dificuldade será a de recuperar a relevância que sempre teve junto da opinião pública. É preciso fazer opções, determinar a agenda, não se deixando guiar nem pelas forças corporativas, nem pela ditadura das redes sociais.

O jornalismo, seja o que fazemos diariamente no DN, seja o que é feito nas outras redações, não está entre a espada e a parede. Está entre a verdade e a morte. Se existir para defender a verdade dos factos, terá muitos anos de vida, se mantiver o medo pelo desconhecido e revelar incompetência na capacidade de adaptação à mudança, não será nada exagerada a notícia da sua morte.

Sou otimista, acredito na destruição criativa, sei que muito do que existia se perdeu irremediavelmente, mas também sei que nasceram novas capacidades de comunicação que os melhores analistas não foram capazes de prever. O futuro é hoje!

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