EUA prometem consequências se vice-presidente do Parlamento continuar detido

Edgar Zambrano anunciou via Twitter que foi detido quarta-feira pelos serviços secretos do regime de Nicolás Maduro.
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A embaixada virtual dos EUA em Caracas advertiu as autoridades venezuelanas, através das redes sociais, de que "haverá consequências" se o vice-presidente da Assembleia Nacional, Edgar Zambrano, continuar detido.

A conta oficial da embaixada dos EUA no Twitter - usada pelo presidente Donald Trump para anunciar medidas ou demitir membros da sua administração - é administrada a partir de Washington pelo Departamento de Estado.

"A detenção arbitrária de Edgar Zambrano pelas forças de segurança opressivas de [Nicolás] Maduro é ilegal e imperdoável", escreveu quarta-feira a embaixada, cuja sede está na capital norte-americana.

"Se ele não for libertado imediatamente, haverá consequências", advertiu o Departamento de Estado - quando, escreve esta quinta-feira o Washington Post, o presidente Donald Trump está a questionar a "estratégia agressiva" da sua própria Administração para a Venezuela, numa lógica intervencionista contrária à sua posição isolacionista dos EUA.

Membros do Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela (Sebin, serviços secretos) detiveram quarta-feira o vice-presidente da Assembleia Nacional (AN, dominada pela oposição), anunciou Zambrano, na sua conta do Twitter.

"Fomos surpreendidos pelo Sebin, como nos negámos a sair da nossa viatura usaram uma grua para transportar-nos de maneira forçada diretamente ao Helicoide [prisão do Sebin]. Nós, democratas, vamos continuar a lutar", escreveu o parlamentar.

Numa outra mensagem, publicada na mesma rede momentos antes, o deputado alertava o povo venezuelano de que se encontrava dentro da sua viatura, junto da sede do seu partido, a Ação Democrática, em La Florida (centro-leste de Caracas), "cercados pelo Sebin".

Na sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela acusou o vice-presidente do parlamento de vários crimes, como traição à pátria e conspiração, por ter apoiado uma tentativa de golpe de Estado contra o chefe de Estado, Nicolás Maduro.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da AN, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Nicolás Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada por Washington.

À crise política na Venezuela soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, de acordo com dados da ONU.

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