Brasil repudia prisão de opositores e exige "libertação imediata"
O Governo brasileiro repudiou esta terça-feira a recondução dos opositores venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma ao regime fechado de prisão e pediu a libertação imediata dos dois políticos, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores brasileiro.
"O Governo brasileiro repudia a recondução ao regime fechado de Leopoldo López e Antonio Ledezma, ocorrida um dia após a votação para a escolha de uma Assembleia Constituinte em franca violação da ordem constitucional venezuelana", sublinhou a nota do Ministério brasileiro.
Segundo a nota, "a prisão de dois dos mais importantes opositores ao governo do Presidente Nicolás Maduro é mais uma demonstração da falta de respeito às liberdades individuais e ao devido processo legal, pilares essenciais do regime democrático. O Brasil insta o Governo venezuelano a libertar imediatamente López e Ledezma".
"O Brasil solidariza-se com o sofrimento dos familiares de Antonio Ledezma e Leopoldo López, em particular suas mulheres, Mitzi Capriles e Lilian Tintori", referiu ainda o comunicado.
Os opositores venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ladezma foram hoje novamente colocados na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, de onde tinham saído recentemente para cumprir as penas em prisão domiciliária.
Ladezma foi detido em fevereiro de 2015 depois de ter sido acusado de conspiração.
Após dois meses na prisão militar de Ramo Verde foi-lhe atribuída "uma medida cautelar que substitui a liberdade" e, por motivos de saúde, foi-lhe atribuído o regime prisão domiciliária.
Ladezma ainda não foi condenado, quase dois anos e meio depois da detenção.
López esteve na mesma prisão militar durante três anos, onde foi torturado várias vezes, segundo denunciaram os advogados do membro da oposição.
Os dois líderes apelaram ao povo venezuelano que não participasse nas eleições de domingo passado para a Assembleia Constituinte, uma votação marcada pela violência e que deixou dez mortos.
Na segunda-feira, a procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega Diaz, informou que 121 pessoas perderam a vida e 1.958 ficaram feridas desde 01 de abril, quando começou a vaga de protestos contra o Governo de Maduro.
A convocatória para a eleição da Assembleia Constituinte foi feita a 01 de maio pelo Presidente, Nicolás Maduro, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos.
A oposição venezuelana acusa Nicolás Maduro de pretender instaurar no país um regime semelhante ao cubano e de perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.