"Venda de Ramos impediu saídas de Neres, Morato, Florentino e Musa"

Rui Costa defendeu que os clubes portugueses são obrigados a vender para equilibrar as contas. Revelou que salário de Di María não passa teto salarial, explicou saída de Vlachodimos e disse que as águias estão alerta sobre o que se está passar, numa referência ao FC Porto-Arouca.
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Rui Costa, presidente do Benfica, explicou esta terça-feira ao pormenor numa entrevista à BTV todas as operações de mercado feitas pelo clube da Luz neste verão, e garantiu que a venda de Gonçalo Ramos ao PSG por 65 milhões de euros (mais 15 em objetivos) impediu pelo menos quatro saídas, dando os exemplos de David Neres, Florentino, Morato e Musa.

"Fizemos a venda do Gonçalo por 65 milhões, mais 15 em objetivos. Pode chegar aos 80. As pessoas têm de entender que nenhum clube em Portugal pode manter as suas contas e pagar os ordenados sem vender jogadores, No caso do Gonçalo, só com uma venda impedimos com toda a certeza a saída do Neres, do Morato, do Florentino e do Musa", revelou Rui Costa, adiantando que o Benfica recebeu também propostas por António Silva e João Neves.

O líder benfiquista deixou mesmo uma garantia: "A venda do Gonçalo Ramos permite-nos poder chegar ao final da época sem ter a obrigatoriedade de vender mais jogadores. E foi esta estratégia que utilizámos. Leva-nos a não ter de fazer mais venda nenhuma para poder enfrentar o ano e o exercício financeiro."

Rui Costa explicou depois ao pormenor todas as entradas de reforços, com destaque para Kökçü (25 milhões de euros, o mais caro da história do clube) e Di María. "Kökçü estava identificado há muito tempo. Quando o Enzo Fernández saiu na época passada pensámos logo nele. Acho que ninguém tem dúvidas sobre o seu valor. Um jogador extraordinário, com uma grande leitura de jogo, daí termos chegado a estes valores", referiu.

E sobre Di María revelou várias novidades: "O Di María foi fechado um mês antes de ser apresentado e no ano passado esteve muito perto de vir, mas a proposta da Juventus era muito boa. Veio sem ultrapassar o teto salarial do Benfica e não recebeu nenhum prémio de assinatura. Aliás, nem quis saber qual era o teto salarial, confiou na minha palavra. Fiquei muito feliz com a vinda dele."

Sobre o avançado Arthur Cabral, confidenciou que "era há muito seguido pelo Benfica" e que "o treinador Roger Schmidt já o tinha tentado levar para o PSV". "Depositamos grandes esperanças nele. Precisa de tempo de adaptação, mas será um ponta de lança que vai marcar muitos golos", atirou, adiantando que Jurásek "precisa ainda de tempo para se adaptar", e que o guarda-redes Trubin estava "referenciado por toda a Europa": "Nos próximos tempos será um dos melhores da Europa".

Rui Costa falou ainda das saídas, e explicou o processo da venda do guarda-redes Vlachodimos ao Nottingham Forest, da I liga inglesa: "O ano passado recebeu uma proposta vantajosa do Ajax em cima do fecho do mercado, mas nem quisemos ouvir. Esta época a situação era diferente, até pela vinda do Trubin. Chegou uma proposta do Nottingham que agradou a todas as partes. Sai com a maior relação com o clube, estaremos sempre gratos pelos cinco anos que passou aqui. Mas a vida de um jogador é assim. Há ciclos e o do Vlachodimos acabou. Chegámos à conclusão que o ciclo dele tinha terminado no Benfica. Jogar na Premier League era um dos seus objetivos."

O presidente do clube da Luz mostrou-se ainda desagradado com o que se está a passar no futebol português, em particular com os acontecimentos e a polémica no recente jogo entre o FC Porto e o Arouca, que teve 25 minutos de descontos e muita polémica com uma avaria no sistema de VAR, garantindo que as águias vão estar alerta.

"Se estou satisfeito com o que tenho visto nas quatro jornadas, digo que não estou. Não vou pisar o que toda a gente viu, iremos estar sempre alerta. Seremos sempre um clube que procura que o campeonato se desenrole dentro de campo e que quem ganhe em campo seja o mais forte, joguemos os minutos que joguemos. O que se passou no Dragão não é a melhor forma de vender o campeonato nacional", afirmou.

E deixou ainda uma palavra ao treinador Roger Schmidt, lembrando o sucesso do alemão que está a cumprir a segunda época na Luz, depois de na temporada transata se ter sagrado campeão nacional: "Temos de confiar naquilo que ele acredita que é capaz de fazer desta equipa e naquilo que ele já tem feito. Isso dá-lhe todos os créditos. Ele é o nosso treinador. Já deu provas de saber aquilo que ele está a fazer."

nuno.fernandes@dn.pt

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