No ano passado foram vendidas 7,9 milhões de embalagens de antidepressivos nas farmácias, mais dois milhões do que as que tinham sido dispensadas em 2012, de acordo com dados da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed). Crescimento de 32% que merece atenção do coordenador nacional para a Saúde Mental, Álvaro de Carvalho..A venda de antidepressivos não parou de aumentar nos últimos cinco anos, sobretudo os genéricos, que são mais baratos (mais 53%). O preço médio das embalagens tem seguido o caminho inverso. Em 2012, o preço médio da embalagem foi de 16 euros quando no ano passado foi de 11,41 euros. O coordenador nacional para a Saúde Mental, Álvaro de Carvalho, diz ver esta evolução com "atenção e preocupação moderada".."Ainda não é um problema de saúde pública, ao contrário das benzodiazepinas, mas temos de procurar perceber os motivos desta realidade", diz, referindo que há pelo menos 15 anos as normas clínicas internacionais recomendam a substituição dos tranquilizantes (sobretudo benzodiazepinas) por antidepressivos nas perturbações de ansiedade, doença em que Portugal sobressai por ser o país da Europa com maior prevalência.."No último Eurobarómetro sobre saúde mental, em 2010, a taxa de prescrição dos antidepressivos em Portugal foi de 15% enquanto a média da União Europeia a 27 foi de 7%. Alguns investigadores defendem que esta taxa pode explicar a relativamente baixa incidência de suicídios entre nós, mesmo com a crise, o que não é subscrito por todos os peritos", refere o especialista..Sobre se o preço pode ser um potenciador do aumento do consumo de medicação, Álvaro Carvalho admite que sim, embora saliente que o preconceito em relação aos químicos é muito dissuasor, tal como o estigma associado à depressão e outras doenças mentais.