Vem aí o Gana. Os ventos de África costumam fazer abanar a seleção nacional
Já só faltam três dias para a seleção nacional se estrear no Mundial 2022. E pela terceira vez em oito participações em Campeonatos do Mundo, o adversário é uma equipa africana, neste caso o Gana, que tem como principais jogadores Thomas Partey, Iñaki Williams, Mohammed Kudus, além dos irmãos Jordan e André Ayew, e que conta ainda com o avançado sportinguista Fatawu Issahaku.
E bem se pode dizer que os duelos de Portugal com equipas africanas têm sido tudo menos fáceis, afinal só conseguiu ganhar três dos seis confrontos oficiais, tendo inclusive perdido os dois primeiros embates.
A 3 de junho de 1928, Portugal teve o primeiro dissabor logo, quando foi derrotado pelo Egito, por 2-1, nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, numa altura em que ainda não havia Campeonato do Mundo - a primeira edição foi em 1930 -, pelo que as Olimpíadas eram a principal competição de futebol. A equipa das quinas era eliminada nos quartos-de-final, com o golo a ser apontado pelo avançado Vítor Silva.
Foi preciso esperar 57 anos para Portugal voltar a encontrar uma seleção africana. E mais uma grande desilusão. À equipa orientada por José Torres bastava um empate com Marrocos para se apurar para os oitavos-de-final do Mundial do México, em 1986. Só que os marroquinos surpreenderam e venceram por 3-1, com o golo de Diamantino Miranda a surgir a 11 minutos do final, a amenizar a humilhação de uma seleção que vivia o pesadelo do caso Saltillo, com os jogadores em guerra com a Federação Portuguesa de Futebol.
A primeira vitória em partidas oficiais só chegou em 2006, no Mundial da Alemanha. Portugal iniciou a caminhada até ao quarto lugar no torneio com Angola e a vitória por 1-0, graças a um golo de Pauleta, expressa bem as dificuldades sentidas pela equipa de Luiz Felipe Scolari. Pior foi a estreia no Mundial seguinte, em 2010 na África do Sul, onde os comandados de Carlos Queiroz não conseguiram melhor que o empate 0-0 com a Costa do Marfim.
O regresso às vitórias deu-se no Brasil 2014, precisamente frente ao adversário de quinta-feira, o Gana. O resultado de 2-1 não evitou a queda de Portugal na fase de grupos, tendo a equipa das quinas, orientada por Paulo Bento, precisado de sofrer até aos 80 minutos, altura em que Cristiano Ronaldo fez o golo do triunfo. Isto depois de ter beneficiado de um autogolo para se colocar em vantagem na primeira parte, tendo Asamoah Gyan empatado logo após o intervalo. Desse jogo, resistem Pepe, William Carvalho, Rui Patrício (não jogou) e Ronaldo.
Já com Fernando Santos como treinador, CR7 marcou aos quatro minutos o golo que permitiu uma vitória muito sofrida frente a Marrocos, que até criou as melhores oportunidades do jogo. Este foi, aliás, o único triunfo português no Mundial da Rússia em 2018. Refira-se que Cristiano Ronaldo foi decisivo em duas das três vitórias que a equipa das quinas conseguiu frente a adversários do continente africano.
O Gana, uma das seleções com mais talento em África, está no Qatar para, pelo menos, repetir a melhor participação nos três Mundiais em que esteve presente: quartos-de-final no África do Sul 2010, torneio em que só caiu no desempate por penáltis, frente ao Uruguai. Nos outros dois torneios em que esteve alcançou os oitavos-de-final no Alemanha 2006, onde foi eliminado pela seleção brasileira (0-3) e caiu na fase de grupos no Brasil 2014, tendo apenas feito um ponto.