Velhos amigos no Facebook
Soou o último toque do ano letivo. Era tempo de férias, de verão. Mas Amélia não queria que esse fosse igual a tantos outros. Tinha 13 anos, já era crescida. Queria fazer alguma coisa diferente, criativa, queria conhecer pessoas novas. Mal soube que estavam abertas inscrições para um curso de bordado à máquina, ali mesmo na sua aldeia de Monsanto, inscreveu-se. Ficou fascinada com o que a professora Irene Pereira tinha para ensinar. «Criámos uma ligação muito bonita. Eu era miúda e ela marcou-me muito.» Mas quando o verão de 1960 chegou ao fim, perderam o rasto uma à outra.
Amélia Mendonça tem 69 anos. Durante mais de vinte, trabalhou no Ministério da Segurança Social, na sede de concelho, Idanha-a-Nova. Quando se reformou, faltava alguma coisa. «Passei a estar a tempo inteiro em Monsanto, que é uma terra bastante envelhecida. Isso fez-me sentir triste. Estando eu habituada a lidar com o público, diariamente, ver-me de repente sem esse movimento foi complicado.» Abriu uma loja de artesanato, atividade que alimenta há vários anos, e comprou um computador. Foi aprendendo a mexer nas redes sociais porque queria mostrar o seu trabalho e a sua terra ao mundo. Agora já não vive sem o Facebook.