Vaticano e Madrid: a presidência de afetos de Marcelo no estrangeiro

Como há cinco anos, o Presidente da República inicia o mandato com deslocações à Santa Sé e a Espanha. Da primeira, trouxe a novidade de uma nova visita do Papa a Fátima.
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É a presidência de afetos, em versão estrangeira: como há cinco anos, Marcelo voltou a escolher o Vaticano e Madrid para as primeiras deslocações após a tomada de posse. Da Santa Sé trouxe ontem a novidade de que Francisco voltará a Fátima quando visitar Portugal, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer em Lisboa em 2023.

Francisco esteve em Portugal em 2017, numa visita de menos de 24 horas, por ocasião do centenário de Fátima. Marcelo esteve então no Santuário - como Presidente e como "peregrino". O chefe de Estado estava também no Panamá, no início de 2019, quando foi anunciada a escolha de Lisboa para acolher o encontro mundial de jovens católicos (então marcado para 2022, mas entretanto adiado para 2023). Com as eleições à distância de dois anos, Marcelo revelou então uma "grande vontade" de se recandidatar, para acompanhar o evento como Presidente da República.

O anunciado regresso de Francisco a Fátima foi já saudado pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, que afirmou que a visita do Papa é um "reconhecimento da importância que Fátima tem para o mundo inteiro".

"Uma ocasião para ver como o Papa está atento a tudo"

Marcelo chegou à praça de São Pedro, no Vaticano, pouco depois das 10.00 locais (09.00 em Lisboa). Entrou pela praça principal numa viatura da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, com a bandeira de Portugal, seguido por três carros, um deles de segurança, como manda o protocolo, descreveu a agência Lusa. "Foi, como tinha sido há cinco anos, uma ocasião para ver como o Papa está atento a tudo", afirmou o Presidente da República depois da audiência.

Com o Papa Francisco acabado de chegar da histórica visita ao Iraque (que terminou na segunda-feira), este foi um dos temas em cima da mesa na audiência privada com Marcelo. Foi um encontro que "correu muito bem porque deu, em primeiro lugar, para falar da visita histórica do papa Francisco ao Iraque, do seu significado, das perspetivas que se podem abrir. Não apenas em termos dos cristãos que vivem no Iraque, mas sobretudo da pacificação no Médio Oriente, que é um tema muito importante, com a nova administração americana e com a evolução recente naquela região do globo", sublinhou o Presidente da República.

Na audiência também se "falou bastante da Europa, da União Europeia nesta fase da vida, da pandemia, da crise económica e social, da recuperação". Referindo que o sumo pontífice está em "grande forma física e psíquica", Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que o líder católico está "naturalmente preocupado com os efeitos sociais da crise" gerada pela pandemia de covid-19. África - em particular o que "se passa em Moçambique" - e a América Latina, com particular enfoque na Venezuela, foram também abordados na audiência.

Nas declarações após o encontro, Marcelo revelou que ofereceu ao Papa uma obra sobre a igreja de São de Roque, enquanto Francisco lhe ofereceu "uma lembrança por antecipação do oitavo ano do seu Pontificado, uma imagem e várias obrigas devidamente autografadas".

De acordo com uma nota da Presidência, Marcelo encontrou-se depois com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Parolin, "passando em revista algumas situações de particular interesse mútuo, quer na Europa quer noutros continentes".

Vaticano e Madrid: uma tradição de Marcelo

A viagem de Marcelo, apenas três dias após a tomada de posse na Assembleia da República, repete o périplo feito em 2016, na altura numa deslocação de três dias. No primeiro caso o Presidente da República justifica a escolha com o facto de a Santa Sé ter sido primeiro Estado a reconhecer a independência de Portugal, em 1179. Já no caso de Espanha, a proximidade, a "tradição" - como é referido numa nota da Presidência da República - e as boas relações com o rei Felipe VI explicam a preferência. Que está longe de ser caso único: embora noutro formato (o da visita de Estado) Espanha foi o destino da primeira viagem de Ramalho Eanes como Presidente da República, em 1977, e foi também a viagem inaugural do primeiro mandato de Cavaco Silva, em 2006.

Em Madrid, Marcelo Rebelo do Sousa foi recebido por Felipe VI , com quem esteve reunido, e teve depois um jantar privado com os monarcas espanhóis.

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