Vaticano prepara esclarecimentos sobre acusações contra o papa Francisco
O Vaticano está a preparar os "esclarecimentos necessários" sobre as acusações de que altos oficiais do Vaticano, incluindo o papa Francisco, encobriram a má conduta sexual de um antigo cardeal norte-americano, foi esta segunda-feira anunciado.
Em comunicado, os nove cardeais conselheiros do papa Francisco expressaram a sua "total solidariedade" em relação ao caso.
Os cardeais, que estão reunidos no Vaticano esta semana, referiram que estão cientes de que a "Santa Sé está a trabalhar na formulação dos potenciais e necessários esclarecimentos".
O papa Francisco recusou-se a responder a um documento de 11 páginas, publicado em 26 de agosto pelo arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos da América, no qual acusava Francisco de não ter sido célere na denúncia e resolução dos casos de pedofilia.
O arcebispo acusou mais de duas dúzias de pessoas do Vaticano e oficiais dos Estados Unidos da América de saberem e de encobrirem o antigo cardeal Theodore McCarrick, que foi acusado de molestar sexualmente e assediar menores e adultos.
Carlo Maria Viganò referiu que o papa Francisco anulou as sanções canónicas a Theodore McCarrick, que tinham sido impostas pelo papa Bento XVI em 2009 e 2010, salientado que o Vaticano sabia, pelo menos desde 2000, que o antigo cardeal dormiu com seminaristas.
Na sequência do escândalo, e além das críticas, o papa Francisco tem recebido também várias mensagens de apoio. Recentemente, a Conferência Episcopal do Chile, através de uma carta enviada ao argentino, disse que este "está a receber ataques injustos como resultado de avaliações imprudentes e imputações injustas por parte de membros da mesma Igreja".
Um dia antes dos chilenos, os bispos portugueses também endereçaram uma carta ao líder da Igreja Católica em que disseram estar disponíveis para erradicar a "chaga" do abuso sexual de menores por padres.
No mesmo documento, os bispos portugueses dizem partilhar do sofrimento do papa Francisco e de toda a Igreja no que toca ao "drama do abuso de menores", propondo-se ainda a "seguir as orientações para erradicar as causas desta chaga".
"Empenhar-nos-emos em incrementar uma cultura de prevenção e proteção dos menores e vulneráveis em todas as nossas comunidades", refere a carta, redigida pelos bispos, reunidos em Fátima, no Simpósio Nacional do Clero, e que agradecem ainda ao papa Francisco pela "oportuna e corajosa Carta ao Povo de Deus", que aborda a questão do abuso de menores por parte de membros responsáveis da Igreja Católica.
Já Francisco, no passado dia 3 de setembro, na homília que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta, pediu que "o Senhor nos dê graça de discernir quando temos de falar e quando nos devemos calar".
O papa recomendou ainda que o silêncio e a oração seja a resposta "aos que apenas procuram escândalo".