Vaticano comenta "O Caso Spotlight": Não é um filme "anticatólico"
O filme "O caso Spotlight", vencedor do Óscar de melhor filme, é "emocionante" e "não é anticatólico" porque "dá voz ao horror e à dor profunda dos fiéis", escreveu hoje o diário do Vaticano L'Osservatore Romano.
"O caso Spotlight" é um filme sobre a investigação jornalística que revelou os abusos sexuais de menores cometidos por padres e religiosos da diocese de Boston, nos Estados Unidos.
Num artigo publicado após a entrega do galardão da Academia de Cinema dos Estados Unidos, no domingo à noite em Los Angeles (Califórnia), a publicação do Vaticano lamentou, no entanto, que o filme não mencione a "longa e difícil luta" do papa Bento XVI neste âmbito.
"É verdade, na narrativa não é dado nenhum espaço à longa e difícil luta que Joseph Ratzinger, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e como papa, travou contra a pedofilia na Igreja", acrescentou o artigo, numa referência ao papa emérito.
"Mas, num filme não se consegue dizer tudo e as dificuldades que foram encontradas por Ratzinger só confirmam a tese do filme, (...) muitas vezes as instituições eclesiásticas não conseguiram reagir com a determinação necessária contra estes crimes", prosseguiu o artigo.
O texto frisou que a pedofilia "não deriva necessariamente do voto de castidade", destacando ainda que o filme consegue mostrar a preocupação de "muitos" na Igreja pela imagem de instituição e "não pela gravidade do ato".
O jornal da Santa Sé qualificou como um "sinal positivo" o facto de na cerimónia dos Óscares ter sido feito um apelo ao papa Francisco para que combata o flagelo da pedofilia.
"Existe confiança num papa que está a prosseguir com a limpeza iniciada pelo seu antecessor ainda como cardeal", concluiu o L'Osservatore romano.
Realizado por Tom McCarthy e protagonizado por um elenco de luxo, com nomes como Michael Keaton, Mark Ruffalo ou Rachel McAdams, o filme "O caso Spotlight" conquistou ainda na 88.ª edição dos Óscares o galardão para o melhor argumento original.