Independentistas contra extrema-direita nas ruas de Barcelona
O Vox, partido de extrema-direita liderado por Santiago Abascal, organizou este sábado um comício em Barcelona, com o objetivo de reivindicar o que considera ser a urgência de "recuperar a liberdade da Catalunha" das mãos dos independentistas. E apresentar oficialmente Ignacio Garriga, candidato da formação política às eleições legislativas antecipadas em Espanha, marcadas para 28 de abril.
Os independentistas catalães não deixaram o evento passar em branco e convocaram para esta manhã uma manifestação na capital catalã. Nos protesto, convocado pelos Comités de Defesa da República (CDR) e outros grupos de separatistas, os manifestantes protagonizaram numerosos incidentes, nomeadamente no bairro de Sants, em Barcelona, avançam os media espanhóis.
Os manifestantes pretendiam deslocar-se até à área das fontes Montjuïc, na praça de Espanha, zona onde aconteceu, pelo meio-dia, o comício do Vox. Muitos deles mascarados, lançaram garrafas, pedras e outros artefactos contra os agentes da polícia autonómica catalã, que acabaram por realizar cargas e detenções para conter o avanço dos separatistas. O site do jornal El País avança a existência de pelo menos três feridos e cinco detidos durante confrontos desta manhã com os Mossos d'Esquadra.
Os independentistas catalães também formaram barricadas e queimaram caixotes do lixo para impedir a passagem dos polícias. Os agentes conseguiram, apesar de tudo, que os manifestantes pró-independência e os apoiantes do Vox não se encontrassem. Segundo o site do jornal La Vanguardia o comício do Vox até nem teve grande afluência e o site do jornal El Periódico, citando a Guarda Urbana, fala em cinco mil apoiantes do Vox no evento que aconteceu na avenida Maria Cristina junto à praça de Espanha.
Também para fazer contraponto com o Vox, o líder do Partido Socialista da Catalunha em Barcelona e candidato à câmara de Barcelona nas eleições municipais de maio, Jaume Collboni, anunciou que, este sábado à tarde, percorrerá a cidade com o seu "Autocarro do Amor", para passar as mensagens do "antifascismo", do "feminismo", da "diversidade" e do "orgulho". Segundo Jaume, citado pelo El Periodico, não se pode deixar que o os autocarros do Vox "com o seu discurso de ódio" sejam os únicos a passear-se pela cidade de Barcelona.
Recorde-se que o Vox de Santiago Abascal elegeu, de forma surpreendente, 12 deputados nas eleições autonómicas de dezembro na Andaluzia e apoia o governo PP-Ciudadanos na Junta da Andaluzia. Unidos, os três acabaram com o reinado do PSOE na Andaluzia, que levava quase 40 anos. Agora, depois de Pedro Sánchez se ter demitido e convocado eleições antecipadas, o mesmo tripartido ameaça afastar os socialistas do poder, mas desta vez a nível nacional. Numa sondagem 40dB publicada pelo El País a 25 de março, o Vox surge com 10.2% das intenções de voto, o que significa que poderia eleger mais de três de dezenas de deputados no Parlamento espanhol.
Ainda assim, assinala esse estudo de opinião feito junto de 1500 pessoas em Espanha maiores de 18 anos entre os dias 14 e 19 de março, revela que o tripartido de direita não consegue maioria absoluta para expulsar Sánchez da Moncloa. O PSOE surge com 27,1% das intenções de voto e 122 deputados, o PP com 19,3% e 76 deputados, o Ciudadanos com 17,7% dos votos e 55 cidadãos, o Unidos Podemos com 12,3% e 40 eleitos e os Outros com 13,4% e 26 deputados. Nem o bloco PP-Ciudadanos-Vox (162) nem o bloco PSOE-Ciudadanos (162) conseguem, por agora, chegar a uma maioria de 176 deputados num Parlamento com 350 deputados. Isso pode significar que, tal como aconteceu na queda de Rajoy e de Sánchez, no primeiro caso na votação da moção de censura e no segundo na rejeição do Orçamento do Estado para 2019, quem irá desempatar serão os partidos mais pequenos e regionais, como, por exemplo, os independentistas catalães.