Válvulas de coração foram desenvolvidas em laboratório

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São três pequenos discos de tecido humano do coração mas contêm a promessa de uma revolução a prazo na medicina dos transplantes. Pela primeira vez, um grupo de cientistas britânicos conseguiu produzir parte de uma válvula de coração, a partir de células estaminais (que dão origem a todas as que compõem os diferentes tecidos humanos), segundo noticiou ontem o diário britânico Guardian.

Foram dez anos de trabalho para chegar aqui, mas a equipa liderada pelo cirurgião Magdi Yacoub acredita que as coisas podem andar agora mais depressa. Os prazos adiantados por Yacoub são bastante concretos: até ao fim do ano serão feitos os primeiros testes de transplante em animais, dentro de três anos haverá transplantes de partes do coração "produzidas" a partir de células estaminais e dez anos chegarão para a produção de um órgão completo e prontinho a bater dentro do peito do doente. "É ambicioso, mas não é impossível", comentou o próprio Yacoub, citado pela BBC News.

O processo que levou ao desenvolvimento destes primeiros três discos, com três centímetros cada, de uma válvula do coração foi longo e laborioso e exigiu a participação de vários especialistas, entre médicos, especialistas em farmacologia e físicos.

A equipa liderada pelo cirurgião britânico utilizou células estaminais extraídas da medula óssea, juntou-lhes um cocktail de químicos que as levou a diferenciar-se em células de válvula do coração e depois verteu o "preparado" em moldes feitos à base de colagénio (o tecido que mantém ligados entre si os membros e os órgãos no organismo) e obteve assim os três discos finais.

Para o final do ano, os cientistas estão já a preparar os primeiros transplantes destas partes de órgão em animais. E se tudo correr bem, dentro de três anos, os primeiros doentes com problemas cardíacos e necessidade de "peças" novas poderão beneficiar dos primeiros transplantes, prevê ainda a equipa.

Para um coração inteiro serão precisos ainda mais sete anos, se não houver percalços. Em teoria, se os órgãos, ou partes de órgãos, a transplantar forem produzidos com as células estaminais dos próprios doentes, não haverá necessidade de utilizar drogas para evitar a rejeição por parte do organismo, já que o órgão transplantado será reconhecido como próprio.

Outra vantagem de uma válvula assim produzida será a longevidade, já que as artificiais actualmente disponíveis têm que ser substituídas ao fim de uns anos.

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