Ute Lemper fica bem em qualquer canto

Poderia facilmente ter-se consagrado como atriz ou bailarina. Para nosso bem, preferiu cantar a tempo inteiro.Está de volta a Portugal
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Kurt Weill (1900-1950), o compositor judeu alemão que fugiu aos nazis e acabou refugiado e reconhecido em Nova Iorque, deve-lhe uma parte da eternidade a que se guindou. Se as suas criações, em especial as que partilhou com as palavras de Bertolt Brecht (outro alemão perseguido pela matilha hitleriana, mas também pelo senador norte-americano McCarthy e seus seguidores), ressurgem e desaparecem com as revoadas da moda, o esforço de Ute Lemper mantém-se uniforme: resgatar a grandeza de Weill à poeira dos tempos. De resto, a imagem sofisticada, misteriosa, nublada e sedutora de Lemper cai bem nas canções intempestivas e transformadoras do homem a quem reservou integralmente dois discos, o primeiro dos quais lhe serviu de rampa de lançamento, juntamente com o papel principal (Sally Bowles) no elenco parisiense de Cabaret. E, como se verá no recital da Casa da Música, Weill não a cansa.

Tal fica a dever-se não só à excelência das criações como à sua pluralidade: no segundo volume gravado com canções de Weill, Ute Lemper goza em pleno a oportunidade de se mostrar em várias línguas - alemão, francês e inglês -, consoante as cidades e os países em que o compositor vivia. A própria Lemper pode reclamar o título de cidadã do mundo: nasceu (a 4 de julho de 1963) em Münster, Alemanha, e aí viveu antes de passar por Viena, Berlim, Estugarda, Paris, Frankfurt e Londres, para acabar por se fixar em Nova Iorque, onde reside desde 1999.

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