A universidade, enquanto pólo de aquisição e construção do saber, morreu. Hoje, pede-se-lhe que seja, em primeira linha, um centro de formação profissional..A comparação será um pouco excessiva. É certo que é ainda nas universidades, ou em instituições de alguma forma a ela agregadas, que funcionam os principais centros de excelência na investigação e preservação do conhecimento. Mas é igualmente verdade que, neste tempo de desenfreada concorrência, o mais importante é o acesso rápido ao "canudo" que abre as portas a uma profissão bem remunerada..A eficácia. O imediatismo, portanto..Foi com esse espírito que o chamado Processo de Bolonha encurtou as licenciaturas para três anos. É também à luz dessa eficácia que o Governo português se prepara para exigir a divulgação dos índices de empregabilidade..É justo que assim seja. Já acontece lá fora e já acontece no secundário, embora de forma tímida, dado que o Ministério da Educação liberta as estatísticas mas descarta-se de assumir os rankings, deixando esse ónus nas mãos dos media..Cada universidade vai ser, pois, obrigada a divulgar o sucesso real dos cursos que ministra. Ganhamos duplamente - poderemos optar pelas universidades cujos cursos garantem mais e melhores empregos e perceberemos a eficácia com que é aplicado o dinheiro de todos nós nas universidades públicas. Em democracia, a transparência é sempre bem-vinda..No entanto, a universidade, se bem que não possa alhear-se do mundo competitivo em que vivemos, não pode igualmente cair no mercantilismo puro..Quantas vezes um nicho de maluquinhos que se dedicavam a coisas bizarras não deu origem a grandes negócios? Não aconteceu assim, por exemplo, com as novas tecnologias? Não há certas áreas de investigação, nas ciências, por exemplo, condenadas a ser eternamente minoritárias, mas das quais saem profissionais indispensáveis aos progressos da humanidade?.A excelência pode passar pela massificação, pela elevação do patamar educativo de grandes faixas da população. Mas deve também incluir o direito à diversidade, à aposta naquilo que, sendo inovador, ainda nem sequer tem lugar no mercado de trabalho..É desejável que, com tanta eficácia, não se esqueça esse papel fundamental da universidade.