Uma tarde com António Zambujo em 'Mar Salgado'

Cenário à meia-luz, mesas postas, elenco sentado e mais de uma dezena de figurantes esperam ordens para dar início aos primeiros ensaios de António Zambujo em <em>Mar Salgado</em> para cantar o <em>Pica do 7</em>. Duas horas de espera depois, ligam-se as câmaras. Espreite já o que vai ver daqui a três meses.
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A tarde é de agitação nos estúdios da SP Televisão, onde se grava Mar Salgado. Afinal, é dia de convidado especial em cena. António Zambujo é uma das surpresas da nova direção da associação de moradores do bairro, encabeçada por Tina (Inês Castel-Branco), para dinamizar a Lataria do Sado, o espaço de restauração de Vitória (Ana Guiomar).

E se o início das gravações estaria previsto para arrancar mais ou menos às 15.00, só duas horas depois é que o cantor entrava em estúdio, de guitarra às costas para começar o primeiro ensaio da cena em que iria cantar a música Pica do 7. Mas a espera de uns é a antecipação de outros. Na verdade, o leitor vai poder espreitar detalhes de uma cena que só deverá chegar à antena da SIC dentro de três meses. Até lá, vai ter de esperar cerca de uma centena de episódios.

São 17.09 de sexta-feira passada, Inês Castel-Branco e Gonçalo Diniz começam a desfiar as primeiras falas. "Venha lá, Sr. António, vou fazer a sua apresentação", diz, animada, Tina, enquanto cruza a lataria e pica Joni: "Se fosse por ti, só havia torneios de cartas."

Cenas à parte, António Zambujo entra, senta-se, tira a guitarra da bolsa e pergunta: "Agora esta é a parte em que eu digo 'é um prazer estar aqui', certo?" Certo, gritam do escuro do estúdio. "Já vimos que leu as cenas, muito bem", graceja um dos elementos da equipa técnica. Tudo isto enquanto um responsável pela iluminação se pendura no topo do cenário a ajeitar os holofotes. Vinte minutos depois, começam a ecoar os primeiros acordes do tema Pica do 7 em plena novela. Uma gravação feita por três câmaras, que conta com 16 figurantes e que se estenderá quase até às 19.00.

Rafael Cruz, realizador de Mar Salgado, explica que ter artistas em estúdio acaba sempre por causar uma ligeira demora face aos timings normais de rodagem de uma cena. "São sempre trabalhos mais demorados, não por termos uma música, mas porque temos de garantir que o lado musical fica completo e depois temos de assegurar o lado da própria cena, com os atores", explica à Notícias TV.

Cuidados especiais

Disciplinar não-atores em cena não é complicado, sobretudo quando os convidados têm já experiência em televisão. "A maior parte dos cantores têm experiência televisiva, participam em programas e já trazem todo o briefing feito, algo que teríamos de dar a uma pessoa completamente inexperiente", explica Rafael Cruz.

Ainda assim, este tipo de gravações não prescinde de cuidados extraordinários. "Quando preparamos a cena temos de contar que não estamos a lidar com um ator, por isso tentamos simplificar toda a movimentação. Numa situação como esta, que inclui música, temos de ter atenção aos tempos musicais para que, sempre que haja cortes, eles não cortem o tema nos tempos errados." Portanto, para lá dos cuidados em cena, é preciso manter toda a atenção nos tempos de edição. "Esse é mais meticuloso. Temos o cuidado de ouvir a música para que depois não seja alterada. Convém haver essa preparação", afirma o realizador.

António Zambujo também não é um estreante nas lides da representação. Depois de ter ido a Água de Mar, na RTP1, visitou agora Mar Salgado. Um processo proposto pela própria editora à SP Televisão, segundo relata o produtor do artista, e que foi relativamente rápido de acertar.

O cantor, por seu turno, também já tinha pisado os palcos da representação, mas não faz questão de voltar enquanto ator. "Durante quatro anos fiz o papel de Francisco da Cruz, no musical Amália, do [Felipe] La Feria. Sempre fui muito canastrão. Sempre", graceja Zambujo. "Tenho muita noção do ridículo e do que posso fazer bem. Representar e dançar são duas coisas que sempre que eu fizer vou parecer ridículo", justifica. Mas a verdade é que o cantor merecia, ao final da tarde de gravações de Mar Salgado, nota positiva.

Fazer malha nos intervalos das gravações

Nem sempre todos os atores estão em estúdio. Por isso, cada um vai "matando" os tempos mortos como pode. Na sala de atores, Inês Aguiar (Carlota Vaz) e Catarina Rebelo (Kika Queiroz) conversam reclinadas no sofá com Gonçalo Diniz (Joni). Por sua vez, Inês Castel-Branco aproveita o tempo para fazer quadrados de malha. "Estou a fazer uma mantinha de quadrados para um bebé, já fiz 16 de cada cor", revela a atriz, que acrescenta: "Até já fiz um gorro para o João Ricardo." Um passatempo da atriz que, conta, não serve para ganhar dinheiro. "Não gosto. Quando faço penso sempre em oferecer. Mas como faço isto para relaxar, nunca pensaria fazer isto de forma profissional", explica a atriz, depois de ter cruzado os corredores dos estúdios de linha preta ao pescoço e com as agulhas nas mãos. Porém, as costuras de Inês têm já uma marca. "Uma amiga ofereceu-me etiquetas a dizer Made with Love (feito com amor, em tradução literal). E cada vez que ofereço uma peça, coloco uma etiqueta", justifica.

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