Uma paródia musical à sombra das Cinquenta Sombras de Grey

O encenador António Pires já levou Lorca e Shakespeare ao palco. Desta vez, leva uma sátira musical ao livro de E.L. James. Fez um casting e foi buscar os atores. O espetáculo estreia-se hoje no Tivoli
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Ligas, cabedal, instrumentos sexuais. Também todos os nomes a que o calão português recorre para falar de sexo ou estereótipos da mulher virgem e da dona de casa frustrada apenas porque não escuta a sua "deusa interior" - qualquer coisa libertadora que não se sabe muito bem a que corresponde, mas que pode bem ser uma exótica bailarina de danças do ventre que as mulheres terão reconditamente escondida dentro delas. Não é um cabaret, é uma comédia. Não é a sério, é para parodiar. Ai de quem se sinta ofendido?

Quando, no começo da peça 50 Sombras! Comédia Musical, ouvimos gemidos, ficava a impressão de que todos estavam à espera não daquilo que se supõe estarmos à espera para pôr algo do género em cena, mas do oposto. Talvez por isso, quando as luzes se acenderam e uma mulher fazia um esforço hercúleo para abrir um frasco, ninguém na plateia se riu. Era Bea (Rita Cruz) numa das noites em que se junta ao clube de leitura que forma com Carol (Marta Andrino) e Pam (Catarina Guerreiro). A noite pela qual, dizem, esperam nos restantes dias. Um livro de receitas de Manuel Luís Goucha ou o Sei Lá de Margarida Rebelo Pinto? Decidem-se pela terceira sugestão: As Cinquenta Sombras de Grey, de E.L. James.

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