Uma estátua e um dentista afamado
E pronto, a simpática Islândia disse adeus ao Europeu. A epopeia da ilha dos vulcões, que depois do milagre do apuramento para o Campeonato da Europa ainda conseguiu atingir os quartos-de-final do torneio (e sempre com o mesmo onze, o que é inédito), contagiou toda a gente. Nestas grandes provas há sempre uma seleção outsider que ganha a simpatia das pessoas. Mas a Islândia foi um caso especial. Não foi só por simpatia, foi também pelo que mostrou dentro do campo. A Inglaterra que o diga.
Os jogadores foram uns heróis, mas aqui não pode ser esquecido Lars Lagerbäck, o treinador que gosta de dar estatuto a um dos seus adjuntos. Ao serviço da Suécia (o seu país) formou uma famosa dupla com Tommy Söderberg. Juntos foram responsáveis pelo apuramento dos suecos para cinco fases finais consecutivas (Europeus de 2000, 2004 e 2008 e os Mundiais de 2002 e 2006). Antes de pegar na Islândia teve uma experiência não muito bem-sucedida na Nigéria. Mas desde 2011 ajudou na evolução da pequena ilha dos vulcões e os resultados estão à vista. Por tudo o que fez no Europeu de França, Lars Lagerbäck já merece uma estátua. Heimir Hallgrímsson era até há um mês atrás um personagem desconhecido. Tornou-se auxiliar da seleção da Islândia e nos últimos anos foi conjugando o futebol com o trabalho de dentista. Mas Lagerbäck promoveu-o a cotreinador. E o dentista tornou-se também uma figura. Pode parecer estranho, mas a sua profissão permitiu-lhe transportar certos princípios para o futebol, lidando com os jogadores como um dentista que tenta acalmar um paciente mais nervoso na hora em que se senta na cadeira para arrancar um dente. Não sei se na Islândia haverá muitos dentistas. Mas de uma coisa tenho a certeza. A clientela agora vai mudar-se toda para o Dr. Hallgrímsson.