Uma escalada histórica

A aceleração da subida do preço do petróleo durante o primeiro semestre de 2008 gerou um efeito dominó nas economias mundiais: preços dos combustíveis mais altos, alimentos mais caros, escalada da inflação, subida das taxas de juro, endividamento mais penalizador, abrandamento económico. O pico foi o máximo histórico de 147,5 dólares por barril (brent de Londres - referência para Portugal), atingido a 11 de Julho. Desde então, o preço tem vindo a cair, retirando algumas pressão sobre a actividade das maiores economias mundiais.
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Apesar da correcção recente, os pressupostos do mercado que sustentaram a escalada mantêm-se: problemas na oferta, depois de anos de baixo investimento em novas explorações, e aumento imparável da procura, com as economias emergentes (China e Índia, sobretudo) sedentas de petróleo para estimular o seu desenvolvimento.


Em paralelo, as matérias-primas passaram a ser, também, uma fonte de rentabilização do dinheiro, abrindo a porta aos milhões dos fundos especulativos, muito penalizados pela crise financeira que afectou os mercados bolsistas. Um activo que ganhou ainda mais potencial perante o valor historicamente fraco do dólar em que são cotados os barris.


Tendo em conta a quase permanente tensão geopolítica que rodeia os grandes produtores (concentrados na OPEP), o quadro continua favorável para o trabalho dos especuladores, quando se prevê que - apesar da quebra ligeira do consumo mundial -, o equilíbrio permaneça estreito entre oferta e procura durante mais alguns anos. A chave pode estar na evolução do dólar, que quanto mais se fortalecer, menos pressão colocará sobre o preço do petróleo. E mais longe ficará, no curto prazo, um cenário de renovação dos máximos de Julho. Isto, desde que não ocorra uma ruptura grave da produção ou não nasça um conflito militar envolvendo um dos grandes países produtores.

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