Uma empresa de panificação fecha portas todos os dias

Todos os dias encerra as portas, pelo menos, uma empresa do setor da panificação na região norte, num cenário que é "dos mais desoladores que existiu", disse à Lusa o presidente da AIPAN.
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Segundo o presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN), António Fontes, que ressalvou não ter números concretos, no último trimestre de 2011 o nível de encerramentos das empresas era o de uma por dia, tendo-se agravado a partir deste ano.

"É um setor que, pelas mais variadas razões, tem sofrido nos últimos tempos um flagelo que não tem par em termos de história", lamentou António Fontes, acrescentando que o momento atual é "o mais periclitante de toda a sua história", tudo devido a fatores externos que não estão ligados à produção.

De acordo com o presidente da AIPAN, o gás natural aumentou, em média, 34 ou 35 por cento desde o verão de 2010 e o chamado acesso à rede disparou 85 por cento, aguardando-se ainda o final do tarifário noturno de eletricidade, precisamente para o período de maior atividade do setor da panificação.

"O setor da panificação nunca teve características económicas e financeiras. Está-se a aniquilar um setor por condicionalismos todos externos ao mesmo", disse António Fontes, que declarou sem margem para dúvidas: "Hoje ninguém vem para este ramo. Se eventualmente acontece entra sempre pela via da restauração, nunca pela via da panificação".

Para o responsável da AIPAN, que é também vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, "não chega o ministro da Economia dizer que tem que se pôr o pastel de nata a vender na Europa", porque os custos de produção e os transportes são demasiado elevados.

Nas palavras de António Fontes, o setor na região norte concentra cerca de metade do total de empresas nacionais, ou seja, entre 3.500 a 4.000 companhias com uma média anual de 400 a 500 mil euros de faturação.

O setor da panificação pode vir a perder 30 por cento de empresas ao longo de 2012, num panorama que já é negro, mas que se deverá agravar, disse à Lusa o presidente da ACIP.

"Neste momento, o nosso setor, como todos os outros, está muito mal. Os consumidores não compram, o mercado não gira e estamos em sérias dificuldades. A continuar assim, já fizemos uma pequena análise, poderemos perder mais de 30 por cento das empresas durante este ano", afirmou o presidente da direção da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP), Carlos dos Santos.

Na última semana de janeiro, segundo o responsável da ACIP, "as vendas caíram mesmo a um ponto muito mais atrás do que 1980", ou seja, o setor está com quebras nas vendas de pão na ordem dos 20 a 30 por cento, para valores considerados "irrisórios".

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