Um Urso com lágrimas pela ausência forçada de Panahi
Berlim 2015, um festival com palmarés político. Urso de Ouro para o ausente, para o proibido, para o amordaçado Jafar Panahi com o seu Taxi. Um gesto de militância de cinema e de solidariedade de um júri que quis chamar a atenção do mundo para a situação do cineasta iraniano, impedido de filmar pelas autoridades mas que continua a fazer pequenos filmes às escondidas.
Taxi é tão "pequeno" que não tem equipa de filmagens. Dispositivo simples: uma câmara num táxi que é conduzido pelo próprio Panahi. Um dia em Teerão onde o taxímetro está desligado e surgem como passageiros candongueiros de cinema, um ferido supostamente à beira da morte que filma o seu testamento e até a sobrinha de 8 anos do cineasta, ela própria a ser chamada pelo diretor do festival, Dieter Kosslick, para subir ao palco e receber o Urso de Ouro. Emoções muito fortes que deixaram a sala à beira de uma choradeira descomunal. Não é comum haver um cineasta impedido de celebrar o seu sucesso. Foi então um Urso com ausência e que provocou um nó no estômago a todos os que estavam no Berlinale Palast.
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