Um português, um marroquino e um inglês de férias no Brasil

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Todos temos um amigo bronzeado, mesmo no inverno. Mantém aquela cor acastanhada, sem apanhar sol, sem sair de casa, até nos dias de chuva. Acha sempre que está a ficar branco, a perder tudo o que ganhou no verão ou numa esplanada no fim de semana. Na verdade vai mesmo ficando mais claro, mas, quando aparecem uns raios de sol, o André rapidamente recupera o seu lado mais marroquino, só de ir à rua deitar o lixo ou ao café. É suficiente. Também é raro pôr protetor solar, "não preciso". Escaldão? "Nem me lembro do último."

Então e aquele amigo que por mais sol que apanhe não passa do cor-de-rosa? Todos temos um. É branco no inverno, no verão, e esforça-se como ninguém. No primeiro dia de sol do ano, o Castro está na praia, de toalha estendida, a passar protetor solar de dez em dez minutos, em todos os cantos do corpo, e deita-se. Fica ali a trabalhar para o bronze. De vez em quando olha para a marca do fato de banho e pensa: "Já se nota qualquer coisa."

Vive farto de que lhe digam como está mais pálido do que a areia, mas não desiste. À noite, depois do banho quente, olha-se ao espelho e tem a certeza de que ganhou alguma cor. É quase bronze, quase queimadura de primeiro grau. Aquele "vermelhinho saudável" próprio de um "inglês" no Algarve, que acreditam resolver-se com um creme hidratante. Mas não. O nosso amigo copinho de leite passa a noite desconfortável, de lado, de barriga para cima, cheio de calor. No dia a seguir nem quer acreditar, a pele está a saltar. Mais creme, com aloé vera, óleo de coco ou extrato de melancia. Nem assim. Tanto trabalho para nada.

O que vale são as férias num destino tropical, para salvar o ano e as fotografias. Fomos os três de viagem e dá mesmo o início de uma anedota: um português, um marroquino e um inglês foram ao Brasil duas semanas. Lado a lado fazemos um degradê, comigo no meio, nem branco nem moreno. Andávamos de chinelos, calções de banho e manga curta. Ao fim de uns dias, já queimados, tínhamos toda a confiança de que passávamos por brasileiros. Até nos perguntarem na rua: são espanhóis?

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