Segundo a agência estatal de notícias Télamos, durante os incidentes, que ocorreram num outeiro da localidade Villa Mascardi, vários membros de uma comunidade mapuche que, aparentemente, tinham escapado, na quinta-feira, de uma ação de despejo de um prédio que resultou em vários feridos, foram atingidos por disparos, supostamente de balas de borracha e de chumbo..Um dos baleados acabou por morrer num hospital próximo.."Informamos a partir da [comunidade de] Lof Lafken Winkul Mapu que hoje, sábado 25, a Polícia Federal disparou e feriu com balas de chumbo vários mapuche que desciam da montanha depois de terem sido perseguidos na mega operação de despejo de quinta-feira, 23", escreveu a Rede de Apoio Comunidades em Conflito -- MAP na rede social Facebook..A ação de despejo, ordenada pela justiça, foi levada a cabo pela polícia numa zona supostamente ocupada por mapuches que pertence aos Parques Nacionais em Villa Mascardi..No entanto, segundo a investigação, várias pessoas escaparam, pelo que, no sábado, agentes da Prefeitura Naval (força que opera sob a tutela do Ministério da Segurança) lançaram uma operação de busca. De acordo com a versão policial, nessa busca, os agentes foram atacados com pedras pelos mapuches que estavam em fuga, pelo que responderam com disparos de balas de borracha e de chumbo..Os incidentes tiveram lugar no mesmo dia do velório de Santiago Maldonado, realizado quase quatro meses depois de o jovem ter sido visto com vida pela última vez num protesto mapuche, que foi reprimido pela polícia, também no sul da Argentina..A autópsia determinou que Santiago Maldonado morreu afogado..O caso de Santiago Maldonado, de 28 anos, tornou-se um assunto nacional na Argentina, sobretudo durante os quase 80 dias em que esteve desaparecido -- até o seu corpo ser encontrado a boiar num rio próximo do local onde ocorreu o protesto..Milhares de argentinos protagonizaram manifestações nas ruas para exigir ao governo que encontrasse Santiago Maldonado, enquanto partidos políticos da oposição, jogadores de futebol e outras celebridades se juntaram a uma campanha nas redes sociais sob o 'slogan': "Onde está Santiago Maldonado?".O desaparecimento do jovem tocou um ponto nevrálgico na Argentina, onde grupos de defesa dos direitos humanos estimam em cerca de 30 mil o número de mortos ou desaparecimentos forçados durante a ditadura militar no país (1976-1983).