Um milhão e meio de portugueses sofre de enxaqueca
A enxaqueca é frequentemente confundida com uma comum dor de cabeça, mas o seu impacto no dia-a-dia dos doentes é muito elevado. "O medo de que, a qualquer momento, surja a dor impede-nos de viver normalmente", confessa Inês Carvalhão que sofre de enxaqueca desde criança, mas que apenas foi diagnosticada aos 45 anos.
À semelhança de Inês, cerca de 40% das pessoas que sofrem desta patologia não têm qualquer acompanhamento médico, segundo estima um estudo realizado pela MiGRA - Associação Portuguesa de Doentes com Enxaquecas e Cefaleias. Isto acontece, como explica ao DN Filipe Palavra, pelo facto de as pessoas desvalorizarem a situação ou porque tentam resolver o problema com medicação inadequada. "É fundamental que todos procurem o médico para que possa ser feito um diagnóstico correto e um tratamento adequado", alerta o médico neurologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que marcará presença na Talk "Viver com Enxaqueca", uma iniciativa do Diário de Notícias, com o apoio da Pfizer. A conversa, que decorre no próximo dia 21 de novembro a partir das 17 horas, contará igualmente com a presença de Inês Carvalhão, doente e membro dos Órgãos Sociais da MiGRA Portugal.
O objetivo desta iniciativa é sensibilizar o público para uma doença neurológica crónica, extremamente incapacitante, mas muito desvalorizada pela sociedade. Aliás, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a enxaqueca é a principal causa de incapacidade em pessoas com menos de 50 anos, afeta cerca de 12% da população mundial, e aproximadamente um milhão e meio de pessoas em Portugal.
Distinguir esta doença da comum dor de cabeça e falar sobre os sinais e sintomas a que todos devem estar atentos, de forma a garantir um diagnóstico o mais precoce possível, será o ponto de partida desta conversa, a que poderá assistir através do site do Diário de Notícias.
Apesar de poder surgir em qualquer momento da vida, a enxaqueca é, muitas vezes, uma doença que acompanha as pessoas desde tenra idade e que pode surgir com maior frequência em doentes que já têm outros familiares com o mesmo problema. No entanto, como explica Filipe Palavra, a doença muda ao longo da vida, podendo tornar-se mais, ou menos, intensa com o passar dos anos. O neurologista revela ainda que a prevalência é maior nas mulheres, nomeadamente, devido às maiores oscilações hormonais que sofrem.
Os sintomas podem igualmente variar de pessoa para pessoa, mas em comum existe sempre uma forte dor de cabeça que afeta, normalmente, apenas um lado do crânio. Além disso, muitos doentes revelam sensibilidade à luz, enjoos e vómitos, e dor mais aguda com os movimentos do corpo ou da cabeça. "Mas pode haver outros sintomas associados", salienta Filipe Palavra que reforça a importância de estar atento aos momentos em que a dor surge, de forma a procurar os gatilhos que a desencadeiam. "Pode ser uma bebida, um alimento, estar muito tempo sem comer, ou seja, uma qualquer situação", acrescenta Inês Carvalhão, que recomenda a quem padece de enxaqueca que tome nota da frequência com que a dor surge, o tempo que demora a passar, e de todos os pormenores que possam ajudar a determinar estes gatilhos. Assim, diz, "será mais fácil conseguir prevenir as crises".
No entanto, e porque é uma doença crónica, a enxaqueca não tem cura. "Mas tem tratamento", reforça Filipe Palavra. O neurologista apela a que todos os que têm dores de cabeça frequentes, e especialmente se se identificam com alguns dos sintomas apontados, que se dirijam ao seu médico de família e que, acima de tudo, não se auto-mediquem. "Tomar medicação que não é indicada para a enxaqueca pode piorar a doença e tornar as crises mais frequentes", explica. O médico recomenda ainda que "não sofram em silêncio porque o tratamento existe e permite controlar a doença e as suas crises".
Para saber mais sobre a enxaqueca e as suas consequências, assista em direto à conversa entre médico e doente, na próxima segunda-feira, 21 de novembro, no site do Diário de Notícias.
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